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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Especialistas americanos apoiam postura mais dura com a China

Por Shawn Donnan e Lucy Hornby

Especialistas americanos em China apoiaram ontem a dura posição do presidente Donald Trump quanto ao comércio com os chineses, sustentando que a relação econômica desequilibrada exige mudança de política em Washington.
A posição tomada por uma força-tarefa de acadêmicos e ex-autoridades do governo americano ocorre em meio a temores de que o novo presidente possa desencadear uma destrutiva guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. Mas os especialistas afirmam, em relatório, que uma China cada vez mais protecionista e mercantilista não deixa outra opção aos EUA a não ser adotar uma postura mais dura, depois do fracasso da diplomacia e de medidas comerciais mais moderadas.
"Em muitas áreas a relação está muito desequilibrada e em nenhum lugar isso é mais evidente do que no comércio e nos investimentos", disse Orville Schell, especialista em China da Asia Society e um dos autores do relatório. "Precisamos ser enérgicos e dizer: 'Isso precisa ser mutuamente vantajoso e justo, caso contrário haverá consequências'. As conclusões do novo relatório refletem uma série de opiniões entre os simpatizantes de Trump e até de democratas no Congresso dos EUA que apoiam medidas mais duras contra Pequim. Mas, embora o presidente tenha levado para o seu governo uma equipe de especialistas em China mais radical, até agora ele evitou o confronto.
Novos números divulgados ontem mostram que o déficit comercial de bens dos EUA com a China diminuiu para US$ 347 bilhões em 2016, embora isso ainda represente quase metade do déficit comercial total em bens, de US$ 763 bilhões, que os americanos têm com o mundo (leia texto abaixo).
O relatório não menciona as ameaças de campanha de Trump, de impor uma elevada taxação às importações vinda da China.
Schell também amenizou as preocupações do presidente com a manipulação do câmbio pelos chineses, dizendo que essa é agora "uma questão irrelevante em comparação com outros problemas com os quais ele deve estar lidando". Após desvalorização de mais de 6% frente ao dólar no ano passado, o yuan subiu 1% em janeiro.
Em vez disso, os especialistas pedem uma fiscalização mais dura pelos EUA das regras comerciais domésticas e internacionais e que o governo Trump se esforce mais para pressionar a China a abrir setores de sua economia nos quais os investimentos estrangeiros são restritos. Eles afirmam que essas medidas deveriam ser empreendidas junto com esforços para atrair a China para novos acordos comerciais e de investimentos com os EUA.
Mas as promessas de campanha de Trump de se impor na relação com Pequim e a posição dura de sua equipe comercial vêm deixando nervosos algumas empresas e os mercados financeiros.
Peter Navarro, o presidente de um novo Conselho Nacional de Comércio, é um ex-acadêmico conhecido pelo livro, que virou filme, "Death by China" (a morte pela China) e faz parte de um grupo de nacionalistas econômicos liderados por Steve Bannon, o principal estrategista de Trump. Robert Lighthizer, indicado para representante comercial dos EUA (USTR), há muito vem pressionando por uma postura mais dura em relação à China, enquanto Wilbur Ross, o novo secretário do Comércio, chamou a China de "o mais protecionista entre todos os grandes países" durante sua sabatina de confirmação no cargo.
Os republicanos no Congresso anseiam por ver o presidente adotar uma postura mais ponderada em relação a política comercial para a China. Eles silenciosamente demonstram esperança de que Gary Cohn, o ex-executivo do Goldman Sachs que agora lidera o Conselho Econômico Nacional, e Stephen Mnuchin, o novo secretário do Tesouto, venham a ser influências moderadoras.
Até agora, Trump tem voltado a sua atenção no âmbito comercial para o México e para a retirada da Parceria Transpacífico, negociada pelo ex-presidente Barack Obama com o Japão e dez outros países.
Mas o presidente também enfrenta pressões de simpatizantes e da oposição democrata para cumprir a sua promessa de campanha de classificar a China de manipuladora do câmbio, mesmo com economistas dizendo que Pequim está agindo de acordo com interesses dos EUA ao amparar sua moeda.
"Já estamos em uma guerra comercial. E estamos sendo vencidos", afirmou Dan DiMicco, um ex-executivo do setor siderúrgico que trabalhou na equipe de transição do governo Trump e que ajudou a montar a sua equipe comercial. "Não importa se as autoridades chinesas estão manipulando o yuan para enfraquecê-lo ou manipulando para fortalece-lo. De qualquer maneira, eles estão fazendo isso em proveito próprio."
As autoridades chinesas acreditam que Trump vai adotar uma politica relativamente moderada por causa dos laços econômicos entre os dois países e dos danos que uma guerra comercial infligiria a ambos. "As economias dos EUA e da China estão tão intimamente ligadas que uma retaliação chinesa a medidas de Trump afetaria os interesse do povo americano", disse Mei Xinyu, estrategista do Ministério do Comércio em Pequim. "Ele não pode romper os laços entre os EUA e a China. Eles estão institucionalizados."

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