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segunda-feira, 6 de março de 2017

Moonlight - sob a luz do luar


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Rodrigo Salem*
Até setembro do ano passado, "Moonlight - Sob a Luz do Luar" não estava no radar de Hollywood. O pequeno filme de US$ 5 milhões sobre a infância, adolescência e vida adulta de um negro gay em Miami não entrava em nenhuma lista de prováveis concorrentes ao Oscar 2017.
Mas no Festival de Toronto, o longa de Barry Jenkins virou "o filme que todos tinham que ver". Dezenas de jornalistas e críticos ficaram de fora da sessão no evento, e a organização precisou programar sessões extras.
Em três meses, "Moonlight" tornou-se o grande filme americano do ano ao lado de "La La Land". Levou o Globo de Ouro de melhor filme dramático, enquanto o de Damien Chazelle papou o de melhor comédia ou musical.
Agora, sendo o grande vitorioso do Oscar, Moonlight deve despertar maiores atenções do público.
Não é uma tarefa fácil. "Não poderíamos pedir mais para esse projeto, a não ser ganhar todos os prêmios para os quais concorremos. Mas isso não um pedido realista, não é?", reconhece o ator Mahershala Ali, vencedor do Oscar na categoria de ator coadjuvante, entre desejo e brincadeira.
"Honestamente, prêmios à parte, já estamos felizes demais com a repercussão e pelo fato de que as pessoas, gays ou heterossexuais, tenham acesso à essa história".
A trajetória de Ali se parece à de "Moonlight". Apesar de ter feito dezenas de filmes, ficou um pouco conhecido como o lobista Remy Danton na série "House of Cards", logo depois virando um vilão da Marvel em "Luke Cage".
Agora, aos 43, ganhou o prêmio de melhor ator coadjuvante do Sindicato dos Atores e o Oscar pelo papel de Juan, traficante que acolhe e protege um menino negro (Alex Hibbert) com problemas na escola.
A história baseada na peça "In Moonlight Black Boys Look Blue", de Tarell Alvin McCraney, adaptada pelo dramaturgo e por Barry Jenkins, tem personagens complexos como poucas vezes o cinema americano produziu nos últimos anos.
"Juan é amor, é uma masculinidade necessária, uma figura protetora", diz Ali sobre seu personagem.
"É preciso entender de onde vêm essas pessoas. Há criminosos de colarinho branco mais daninhos que caras com pequenos negócios de crack. Cidades inteiras são afetadas por água envenenada graças a contratos ilícitos, mas nós julgamos rapidamente alguém vendendo drogas porque é isso que nos ensinam."
Criado numa área pacífica da violenta e pobre Bay Area, na região de San Francisco, Ali cresceu vendo pessoas normais apelando ao tráfico como forma de sustento. Teve amigos mortos e presos.
Filho de uma jovem pregadora cristã e de um dançarino, diz que "nunca quis ser traficante", mas, de novo, não julga os que estão nesse contexto. "Se as mesmas pessoas tivessem oportunidades, dinheiro e educação e, ainda assim, decidissem traficar, eu teria muitos problemas".
Mahershala Ali se converteu ao islamismo aos 25 anos ao visitar uma mesquita na Filadélfia. "É como uma dieta", resume. "Você está acostumado a comer de uma maneira e, quando amadurece, sente que é hora de mudar para algo mais alinhado com quem você se tornou."
Apesar de não se mostrar feliz com as medidas do presidente Donald Trump, não fala sobre política. Ironicamente, muitos comparam o novo governo com as tramas de "House of Cards".
Ali diz que não volta mais à série, porque acredita que seu arco se completou. Mas deseja "boa sorte" aos criadores na quinta temporada, que começa em 30/5.
"Não sei o que vão fazer para entreter o público neste ano", conta ele. "O que está acontecendo na realidade é tão inacreditável que vai ser difícil superar na ficção."

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