quinta-feira, 3 de maio de 2012

Sarkozy parte para o ataque em debate com Hollande

O único debate desta eleição presidencial na França, reunindo o atual presidente Nicolas Sarkozy e o seu rival socialista François Hollande, resultou em 170 minutos de troca de insultos e acusações durante o horário nobre da tevê francesa.
Atrás nas pesquisas de intenção de voto, Sarkozy partiu para o ataque e repetidamente acusou Hollande de mentir, enquanto que o candidato socialista se limitava a apontar que o seu oponente estava sendo “desagradável”.
Thibault Camus/APDebate entre François Hollande (à esquerda) e Nicolas Sarkozy (à direita)
“Foi um debate duro”, disse Frederic Dabi, do instituto de pesquisa Ifop. “Sarkozy buscou derrubar Hollande e Hollande buscou enfraquecer a legitimidade de Sarkozy, provocando-o desde o início”, acrescentou.
O debate foi a última oportunidade de Sarkozy virar o jogo contra Hollande antes do segundo turno neste domingo. O candidato socialista lidera as intenções de voto com 53% a 47%, segundo uma pesquisa da Ifop divulgada nesta quarta-feira. O instituto não divulgou a margem de erro da pesquisa.
O evento foi transmitido ao vivo por oito canais de tevê e seis emissoras de rádio. Os moderadores frequentemente tiveram trabalho para manter o debate dentro da programação e do seu propósito, com ambos os candidatos interrompendo um ao outro e falando além do tempo permitido. Os candidatos discordaram sobre a forma de combater a crise da dívida da Europa e como reacender o crescimento, com o desemprego na França ao redor do nível mais alto em 12 anos. A taxa de desemprego na Alemanha é de 6,8%, contra 9,8% na França.
Crise europeia
Hollande disse que a Europa enfrenta o “possível ressurgimento da crise devido a falta de crescimento. Sarkozy respondeu que o país não tem alternativa a não ser reduzir sua dívida e cortar o déficit. “Crescimento, sim, mas não às custas da redução do déficit e da dívida”, afirmou o presidente. A crise europeia foi um tema que esquentou o debate. “Esta é uma crise global. Pensa que é fácil? Não sei se você teria feito melhor do que nós”, disse Sarkozy, que completou: "A Europa já saiu da crise". A afirmação foi refutada por Hollande: "A crise não acabou". Os candidatos divergiram sobre a emissão de títulos da dívida pública.  
Imigração
Um dos embates mais calorosos do debate foi centrado na questão das leis de imigração. Hollande defendeu que os estrangeiros há cinco anos no país deveriam ter direito a voto nas eleições locais, o que foi rebatido por Sarkozy. Ele alegou que isso daria margem aos muçulmanos de imporem leis ao país. Hollande imediatamente cutucou o adversário: “por que você se refere aos estrangeiros como sendo todos muçulmanos?”. Provocação que o atual presidente francês rebateu. “Você foge à realidade. A maioria dos imigrantes é do norte da África. Os muçulmanos são melhor tratados na França que os cristãos o são no Oriente Médio”. “Você não é capaz de uma conversa agradável. E ainda se diz um unificador”, disse Hollande.
Dominique Strauss-Kahn
Perto do fim do debate, Sarkozy trouxe à baila o escândalo do ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss- Kahn, que renunciou ao cargo após ser acusado de estuprar uma camareira em um hotel nova-iorquino, em maio de 2011. O executivo era o candidato natural do Partido Socialista às eleições presidenciais na França, antes de eclodir o caso. “Não posso aceitar lições de um partido que está por trás de Dominique Strauss-Kahn”, atacou Sarkozy. “Eu sabia que mencionaria isso. Mas foi você quem o colocou no comando do FMI”, retrucou Hollande.
Catherine Nay, biógrafa de Nicolas Sarkozy, disse que ele poderia ter se saído melhor no debate. “Parecia um tanto perdido. Fiquei decepcionada”, declarou ela em entrevista a uma rádio francesa.
(Bloomberg)

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