terça-feira, 18 de setembro de 2012

Pensando Salvador do Futuro

Enrique Peñalosa

Fronteiras do Pensamento 2012 | Porto Alegre, 18/06
Economista e urbanista colombiano, Enrique Peñalosa preside atualmente o Institute for Transportation and Development Policy – ITDP, organização não governamental norte-americana sem fins lucrativos que presta assistência técnica no desenvolvimento de meios de transporte sustentáveis na Ásia, África e Américas. Prefeito de Bogotá entre 1998 e 2001, Enrique Peñalosa já atuou como jornalista e consultor nas áreas de políticas urbanas e de transportes.
Durante seu mandato, foi o responsável por desenvolver cinco megaprojetos: o banco de terras; o distrito dos parques (incluindo a Rede Bogotá de Ciclovias); o distrito de bibliotecas; o Transmilênio (sistema de transporte coletivo) e a construção e manutenção de estradas. Seus métodos pouco ortodoxos transformaram uma das capitais mais perigosas, violentas e corruptas do mundo em uma cidade hoje considerada modelo.

Na conferência que ministrou no Fronteiras do Pensamento, em Porto Alegre, Enrique Penalosa, economista e urbanista colombiano e presidente do Institute for Transportation and Development Policy – ITDP, organização não governamental norte-americana sem fins lucrativos que presta assistência técnica no desenvolvimento de meios de transporte sustentáveis na Ásia, África e Américas, além de demonstrar a necessidade de redirecionar o planejamento estratégico das cidades, voltando-o para a valorização de pessoas e não de carros, comprovou, na prática, expondo os projetos que protagonizou quando prefeito de Bogotá, entre 1998 e 2001, que é possível dispor os espaços públicos urbanos para os pedestres e para as bicicletas, em detrimento dos carros, proporcionando mais conforto público para as pessoas, mais segurança para a comunidade e especialmente mais igualdade social.
Durante o seu mandato, Enrique Penalosa foi o responsável por desenvolver cinco megaprojetos: o banco de terras; o distrito dos parques (incluindo a Rede Bogotá de Ciclovias); o distrito de bibliotecas; o Transmilênio (sistema de transporte coletivo) e a construção e manutenção de estradas. Seus métodos pouco ortodoxos transformaram uma das capitais mais perigosas, violentas e corruptas do mundo em uma cidade hoje considerada modelo.
Pela importância da sua exposição e pela ousadia de sua proposta, transcrevo algumas observações feita por Enrique Penalosa, a respeito da sua visão sobre as cidades, em entrevista disponibilizada no blog  Quintal, Ideias para um Mundo Melhor (http://nossoquintal.org/2009/09/04/e-preciso-carater-entrevista-com-enrique-penalosa-parte-1/).
No Século XXI, 19 cidades terão mais de 20 milhões de habitantes. Como elas serão?
Pessoas não vivem em supercidades: elas vivem em bairros, setores das cidades. Supercidades podem ter bairros com parques, calçadas largas, bulevares exclusivos para bicicletas e pedestres, quadras de esportes, árvores. Mesmo nas cidades gigantes mais da metade das pessoas estuda ou trabalha a menos de 5 quilômetros de casa. A questão não é se a cidade é ou não gigante, mas se ela é bem construída.
Por que deveríamos investir em ônibus ao invés de metrô, como você fez em Bogotá com o Transmilênio?
A única maneira de resolver a mobilidade é com sistemas como o Transmilenio. Não é a melhor, é a única. Até hoje nenhuma cidade em país em desenvolvimento foi capaz de transportar mais de 15% da população por trilhos. O custo de investimento e operação é muito alto por passageiro, e fica maior a cada nova linha, já que chega a lugares com menor demanda.
Qual a importância das bicicletas para as cidades?
Políticas de promoção para o uso de bicicletas estão sendo implantadas nas principais cidades do mundo. No centro de Londres, qualquer viagem com menos de 5 quilômetros de distância é mais rápida de bike do que por qualquer outro meio. Além disso, uma ciclovia protegida mostra que um cidadão em uma bicicleta de R$ 100,00 é tão importante quanto outro em um carro de R$ 100.000,00.
É preciso restringir o uso do carro nos centros das cidades ou um sistema de transporte público conveniente é suficiente?
Vamos esclarecer uma coisa: o transporte público irá resolver o problema da mobilidade, mas não os congestionamentos. A única maneira de solucioná-lo é restringir o uso do carro, cortando vagas nas ruas e criando calçadas mais largas, ciclovias, corredores de ônibus. Estacionamento não é um direito constitucional em lugar algum; é uma questão privada que deveria ser resolvida em espaços privados, com fundos privados. Estou certo de que no futuro, todos os países e cidades irão implantar esquemas para tarifar o uso do carro e a renda resultante deve ser utilizada para melhorar o transporte público.
Como implantar políticas públicas polêmicas, como o pedágio urbano ou o fechamento de ruas para o tráfego motorizado?
Primeiro é preciso uma visão clara de como a cidade deve ser, e um entendimento técnico da futilidade de tentar eliminar o tráfego construindo mais vias. Também é necessário explicar os enormes custos sociais gerados pelo uso de automóveis e os benefícios proporcionados à sociedade por ciclistas e usuários de transporte público. E, então, é preciso caráter.
As ideias de Enrique Penalosa são instigantes, por ela pode-se rever conceitos e revisar pensamentos já instalados e tidos como definitivos. É um excelente campo de pesquisa para os candidatos aos cargos de prefeito e de vice-prefeito Nas eleições deste ano. E o que é mais importante: são propostas factíveis, com custo razoável e com realizabilidade de em um mandato.

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