sábado, 3 de novembro de 2012

Novos ventos na economia


 Eduardo Athayde*

O dia 15 de junho foi escolhido pelo Conselho Mundial da Energia Eólica como o Dia Mundial do Vento. Em 2010, para comemorar a data, foram realizados 220 eventos em 29 países que fazem parte da corrida eólica. Este ano mais eventos, muitos culturais, estão sendo realizados em diferentes países como Canadá, Áustria, EUA, China, Espanha, Ucrânia, Uruguai, México, Bulgária, Bélgica, Índia, Japão e Alemanha, onde peças de teatro produzidas ao ar livre – ao sabor do vento – chamam atenção para energias limpas.
Em 2011 os destaques vão para a exposição sobre novas tecnologias eólicas do Museu de Tecnologia de Berlim; o lançamento da etiqueta “New York City Wind-Made” para produtos feitos com energia eólica; e, para a Espanha que quebrou um importante recorde em março passado quando, pela primeira vez na história gerou mais energia a partir do vento do que das demais fontes. A geração de 4.738 GWh (gigawatts/hora) eólicos no mês cobriu 21% da demanda, suficiente para abastecer 13 milhões de lares espanhóis e economizar 250 milhões de euros com importação de combustíveis fósseis, reduzindo emissões de CO², encerrando 2010 com uma potência eólica instalada de 20.67 GW (gigawatts).
Relatórios do Worldwatch Institute (WWI), adotados por fundos de investimentos como referências para sustentabilidade, revelam que mais de 70 países do mundo investem em energia eólica. O estado americano do Texas, tradicional líder na produção de petróleo é, hoje, líder na geração de eletricidade do vento. Se todas as fazendas de vento ora projetadas forem concluídas até 2025 o Texas terá 38 GW de capacidade de geração eólica, equivalente a 38 usinas de carvão, e satisfará 90% das necessidades de energia residencial para os 25 milhões de habitantes do estado. Na China, o Programa de Energia Eólica, maior do que qualquer outro do mundo constrói sete mega complexos que variam entre 10 e 38 GW cada, em 30 diferentes províncias.
Nos EUA a “produtividade energética” passou a ser um novo valor agregado as áreas rurais. Como turbinas eólicas ocupam apenas 1% do solo das fazendas de vento, o mesmo local pode ser usado para lavouras e criação de gado, aumentando a rentabilidade. Os proprietários rurais (donos do vento) que arrendam pontos de suas fazendas para concessionárias visando a implantação de turbinas eólicas recebem, sem investimentos adicionais, entre 3 mil e 10 mil dólares por ano, em royalties, por cada turbina instalada.
O mercado de bens e serviços da eficiência energética movimentou globalmente, em 2008, uma economia de US$156 bilhões, com crescimento vertiginoso poderá passar de US$ 655 bilhões (mais de 1 trilhão de reais) em 2020. Apesar das pesquisas estimarem o potencial brasileiro eólico em 143 GW – mais de dez vezes o que é gerado pela usina de Itaipú – apenas 0,5% da matriz energética nacional é hoje abastecida pelo vento. Com os investimentos em curso a força eólica brasileira poderá passar para 5.25 GW, 4.3% da matriz nacional até 2013.
Municípios do semiárido baiano, ricos em vento, mais precisamente Caetité, Guanambi e Igaporã, destacados no Mapa Eólico do Brasil, começam a despertar para o valor deste patrimônio ambiental até então esquecido. Na região está sendo instalado pela Renova Energia, com ações cotadas na BMF/Bovespa, o maior complexo eólico da America Latina, envolvendo 14 parques com capacidade de geração total de 455,6 MW (megawatts) e inicio de operação em julho de 2012.
Dentro da nova concepção global de sustentabilidade esses municípios são percebidos como polo eólico do planeta, não mais como “interior da Bahia”. Com este novo status internacional, podem aproveitar o exemplo do estado de Nova Iorque e de outros polos eólicos parceiros do mundo, para lançar a etiqueta “Bahia Wind-Made” (Feito com Ventos da Bahia) e promover eventos culturais – ao sabor do vento –, atraindo novas rendas e chamando atenção de investidores nacionais e internacionais. Com iniciativas como essas que impulsionam o desenvolvimento econômico e social de uma região, a Bahia, integrada com o mundo, pode comemorar o Dia Mundial do Vento.
(Eduardo Athayde, diretor do Worldwatch Institute no Brasil)

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