terça-feira, 11 de abril de 2023

Um ativista contra a violência


O Jesus que eu admiro foi um revolucionário contestador que andava com os excluídos. 

De acordo com a Bíblia, nasceu em uma quebrada. 

Periferia da periferia do mundo.

Passou a vida arrumando confusão por causas sociais: era contra o acúmulo de riquezas, contra a pena de morte, contra linchamentos, contra a violência às mulheres e até contra oração em público. 

Mas além de ativista, aproveitava a vida. 

Ia a festas, curtia um vinho, admirava a beleza e o privilégio que é estar vivo.

Defendeu assassino, adúltera, ladrão, puta, pobre e leproso. Denunciava a elite econômica, religiosa e política. 

Juntou uma galera pra defender a causa e começou a fazer barulho. 

Pregava amor e paz, mas também se enfurecia com quem tratava a fé como mercadoria.

Conquistou então o desafeto da classe média e da elite (ponto pro cara).

E nunca disse uma palavra contra homossexuais ou aborto.

Nunca exigiu dinheiro em troca de milagre.

Nunca defendeu exploração econômica.

Nunca abusou dos seus seguidores.

Nunca justificou tortura.

Nunca construiu um templo.

Nunca disse que matar era solução para nada.

Considerado subversivo, foi preso pelo Império.

A classe média babava pedindo pena de morte, mas o crime não a justificava. Pôncio Pilatos jogou o B.O. pra Herodes. Herodes se ligou e devolveu o B.O.

Pilatos deixou pra galera decidir. Bem pensado, pois desde aquele tempo, o povo já tava cheio de bolsominion linchador.

O cara foi executado ouvindo piadinha de justiceiro.

E não foi morto "entre" bandidos. Foi executado pelo Estado COMO bandido - subversivo, que de fato era.

O messias cristão foi um sujeito de pele escura, nascido na perifa, engajado em questões sociais, executado como bandido pelo Estado sob os aplausos dos justiceiros reacionários. Poderia facilmente passar hoje como um "esquerdinha dos direitos humanos".

Então, Jesus, se estiver lendo isso e pensando em voltar, fica esperto.

Os "cidadãos de bem", que dizem esperar tua volta, iam era aplaudir tua execução sendo transmitida em um programa policial enquanto comem bacalhau e ovo de Páscoa.

 Caso voltasse, muita gente mataria Jesus "em nome de Jesus" porque não entendeu nada sobre Jesus.

@khaldiego

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