Osvaldo Campos Magalhães*
Contrariando as expectativas da ampla maioria dos seus vinte milhões de eleitores, a líder ambiental Marina Silva e o seu Partido Verde, deliberaram em reunião extraordinária realizada no dia 17 de outubro, reunindo membros da executiva do partido e de representantes do Movimento Marina Silva, pela neutralidade no segundo turno da eleição presidencial brasileira.
Para as pretensões futuras de Marina Silva, esta certamente foi a opção mais pragmática. Para a causa da sustentabilidade ambiental do país, esta omissão certamente cobrará seu preço no futuro.
Abrindo mão de influir no programa de governo de um dos candidatos, que certamente seria o vitorioso com o engajamento de Marina Silva, o Partido Verde brasileiro optou pela opção do “quanto pior melhor”, visando certamente, preparar a candidatura de Marina Silva em 2014.
Com isto, perde o Brasil, uma extraordinária oportunidade de experimentar uma nova prática política, envolvendo não mais a troca de cargos e favores, mas, uma aliança programática, envolvendo a incorporação de propostas de governo e uma nova Agenda de desenvolvimento econômico para o país, com respeito à Sustentabilidade Ambiental, prioridade para a questão da educação pública e mudanças na legislação eleitoral, com a introdução do financiamento público das campanhas políticas e do sistema de voto distrital misto.
Eram estas as principais propostas contidas no “Manifesto por um Brasil Justo e Sustentável”, divulgado no dia oito de outubro por Marina Silva e encaminhado pelo Partido Verde aos candidatos Dilma e Serra.
Certamente, pesou na decisão final de Marina e do PV, a forma displicente como foi tratado o “Manifesto” pelas coordenações políticas dos dois candidatos. Tanto Serra como Dilma, ainda adotam uma mesma visão desenvolvimentista do século XX, voltada para a expansão da economia, geração de empregos e aumento do consumo.
Este modelo de desenvolvimento, que tem a China e a Índia como paradigmas, levará inevitavelmente o Planeta à exaustão dos seus recursos naturais e, com o aumento da emissão de gás carbônico, ao contínuo aquecimento global com efeitos catastróficos para a vida na Terra.
A decisão de Marina pela omissão no segundo turno, desistindo de influir no programa de governo de um dos candidatos, contribuirá para a deterioração das condições ambientais no país e, como afirma o cientista ambiental Sir. James Lovelock, criador da “Teoria de Gaia”, para um ponto de não retorno nas condições de vida no planeta, pelo menos nas condições que todos nós conhecemos hoje.
Resta a esperança que tanto Serra como Dilma, visando obter o apoio da maioria dos vinte milhões de eleitores incorporem espontaneamente nos seus programas de governo a Agenda da Sustentabilidade Ambiental para o país.
Artigo publicado originalmente no jornal A Tarde, em 22/10/2010
Artigo publicado originalmente no jornal A Tarde, em 22/10/2010
* Engenheiro Civil, Mestre em Administração e especialista em Tecnologia e Competitividade.
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