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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O afeto de "Tetro"

Bruno Yutaka Saito*
A família Coppola é, atualmente, a grande família do cinema. Francis, Sofia, Nicolas, Roman, Jason e Talia, só para citar os membros mais conhecidos do clã, encarnam um imaginário de talento unido pelo sangue antes pertencente aos Huston.
Por um lado, são uma grande família italiana como qualquer outra. Imaginá-los reunidos no Natal, num almoço de domingo, em uma ampla mesa com massas e vinhos, só para citar o clichê, não é algo absurdo.
 Não faltam referências autobiográficas de Coppola em “Tetro”. (Na Foto, Coppola e o elenco de Tetro). À parte o tom de tragédia grega que já se anuncia no título, a família está no centro. Bennie (Alden Ehrenreich) é o jovem que vai a Buenos Aires em busca do adorado irmão mais velho, Tetro (Vincent Gallo).
Coppola hoje está mudado. Agora ele é o pai de Sofia. Ele aprendeu a ser minimalista. Menos é mais. Nossa memória afetiva logo nos lembra que ele é o homem intenso que criou filmes gigantes, monumentos como “O Poderoso Chefão” e “Apocalypse Now”. Que, nos anos 80, dirigiu filmes subestimados, mas definitivos, como “O Selvagem da Motocicleta”. E que, agora, surge feliz e tranquilo, com o passado de dívidas e turbulências bem distante.
“Tetro” é um filme de afetos. O afeto está em cada sequência filmada por Coppola. No amor intenso de Bennie por Tetro nos lembramos do amor que demos e recebemos (ou não compreendemos) (ou não ganhamos) de nossos próprios familiares.
Coopola gera angústias ao remeter a experiências tão íntimas do espectador. Porque se trata de um amor puro, incondicional, desinteressado.
De onde vem esse poder? O afeto transborda no sorriso encantador do estreante Alden Ehrenreich, uma espécie de jovem DiCaprio de “Gilbert Grape”, outro filme de família, de amor fraterno.
Mesmo quem não tem irmãos, mas já teve uma figura mais velha, de “treinador”, alguém que serviu de guia, que apresentou livros e filmes definidores de caráter, vai sentir um afago no coração ao ver “Tetro”.
* Jornalista e editor assistente de Ilustrada da Folha de São Paulo

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