A crise de credibilidade de Eike Batista e de suas empresas “X”
transformou, em pouco mais de um ano, motivo de piada nas redes sociais, o
megalomaníaco sonho do empresário em se tornar o homem mais rico do mundo,
superando Carlos Slim, Warren Buffet e Bill Gates.
A fortuna pessoal de Eike Batista atingiu um pico de US$ 34,5 bilhões a um
ano atrás e despencou para cerca de US$ 2 bilhões em junho de 2013.
A responsabilidade pelo colapso do grupo EBX deve ser atribuída ao estilo de
administração, da maneira como Eike Batista administra e
empreende suas empresas. O mercado reagiu às repetidas
falhas de suas empresas em cumprir as metas de produção estabelecidas, com
destaque para a OGX, que explora petróleo no litoral brasileiro.
Esta crise, afeta também a economia
brasileira, a bolsa e a imagem do país. Sem falar nos bancos estatais, como o
BNDES e a Caixa Econômica, que juntos emprestaram mais de R$ 6 bilhões ao
empresário.
Coincidindo
com a perda de credibilidade das empresas X e do empresário Eike Batista,
também a economia brasileira e sua presidenta atravessam momento de crise, como
atesta a última pesquisa da CNI que mostrou perda de 27% no índice de aprovação
de Dilma Rousseff.
A capa da revista “The Economist”, que retratava a economia brasileira como a
imagem do Cristo Redentor, decolando como um foguete, e o impressionante
enriquecimento do empresário Eike Batista durante os oito anos de governo Lula
são fatos emblemáticos.
Lembremos que o
crescimento da economia brasileira entre os anos de 2004 e 2010 decorreu
basicamente de condições inicias favoráveis resultantes das reformas econômicas
dos anos 90 que tornaram a nossa economia mais eficiente e das condicionantes
externas favoráveis, com destaque para a demanda chinesa por commodities.
Os
programas de distribuição de renda e o aumento do crédito consignado,
aproveitando a estabilização monetária e o baixo endividamento das famílias
impulsionaram as vendas no comércio e os setores de serviços e construção
civil, intensivos na utilização da mão de obra, resultando num quadro de
crescimento econômico e queda nos índices de desemprego.
O
Brasil de Dilma Rousseff, assim como as empresas X , do empresário Eike Batista
vivenciaram momentos de euforia. A renda e o emprego aumentaram, os juros
caíram e expansão do emprego e do consumo fez surgir uma nova classe média. O
sonho de um “Brasil Grande”, parecia se materializar. Assim como as empresas X,
o estabelecimento de metas ambiciosas para o PAC – Programa de Aceleração de
Crescimento era a tônica dominante. Metas, aliás, nunca alcançadas, como as das
empresas X.
As
metas de investimento na expansão da infraestrutura e do parque industrial não
sendo cumpridas, atreladas à sobrevalorização do Real e a uma política de
incentivo ao consumo vem resultando em crescimento no déficit das contas
correntes e no aumento dos índices inflacionários.
Assim
como as empresas X, e os sonhos megalomaníacos do empresário Eike Batista, o
Brasil vem fazendo escolhas equivocadas. Ao invés de investir na infraestrutura
de transportes urbanos, no saneamento e na saúde pública, privilegiam-se projetos como o do
Trem Bala, da transposição do rio São Francisco e na importação de médicos. Os
gastos bilionários com as realizações de eventos esportivos como a Copa do
Mundo de Futebol e as Olimpíadas de 2016 demonstram o equívoco das prioridades
dos nossos governantes. A máxima que parece ainda vigorar é a do antigo Império
Romano, que para agradar a população adotava “Pão e Circo”. Nos dias atuais
substituídos por “Bolsa Família e Arenas”
O sonho de Eike Batista em se tornar o “homem mais rico do mundo”, parece quase impossível agora, bem como, o sonho do Brasil ingressar no “primeiro mundo”, mais uma vez, está sendo
postergado.
*Osvaldo Campos Magalhães, Engenheiro Civil e Mestre em Administração ( UFBA) é membro do
Conselho de Infraestrutura da FIEB
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