Manuel Ribeiro*
Não é possível um país com 205 milhões de habitantes piorando de forma galopante todos os seus indicadores sociais e econômicos e toda a sociedade brasileira assistindo como de repente fosse surgir um milagre ou aparecer um messias.
No país não há política econômica, não há saúde pública, crianças nascendo mutiladas de cérebro, municípios - onde vivemos - começando a quebrar, a educação caótica, o desemprego grassando, inflação assaltando o bolso do cidadão, acidentes de tráfego e assassinatos matando mais do que guerra, o tráfico governando com mão de ferro as periferias onde são poder executivo, MP e judiciário, as forças armadas virando batalhão de mata-mosquitos, corrupção, crimes ambientais, políticos e partidos preocupados com projeto de poder por poder e usofruto, imprensa voltada quase exclusivamente para escândalos e vamos por aí.
Para onde não sei. Estamos mais ou menos como os últimos dias do império bizantino: os turcos às portas e a evoluída sociedade local discutindo o sexo dos anjos. Não precisa dizer o que aconteceu, os turcos tomaram tudo. Aqui não há otomanos às portas, mas existe uma periferia que um dia, cansada do sofrimento e da miséria poderá sair e tentar ocupar as cidades e seus templos de consumo. Um rolezinho a vera e desesperado.
Enquanto é tempo, senhores políticos de oposição e situação, empresários, trabalhadores vamos reagir e construir uma agenda mínima para o país. Temos que promover uma reforma e modernização do Estado brasileiro, que hoje é arcaico e anacrônico, e colocá-lo no mundo do século XXI. Apenas comparando o tipo de república e de instituições, podemos escolher o futuro sendo Estados Unidos da América do Sul ou Nigéria Ocidental. Depende de nós.
*Engenheiro, foi Secretário de Desenvolvimento Urbano da Bahia
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