Osvaldo Campos Magalhães*
As primeiras semanas da gestão do presidente Michael
Temer revelam uma estratégia arriscada.
Se por um lado reduziu o número de ministérios e nomeou
notáveis para a área econômica, por outro lado, procurou agradar a sua base
parlamentar, com indicações temerárias para o restante de seu ministério.
Ignorando o “clamor das ruas”, por mais ética na
política, o presidente Temer nomeou ministros envolvidos com atos ilícitos e
continua a manter frequentes contatos com Eduardo Cunha.
Ao tempo em que delega ao ministro Henrique Meireles a condução
da política econômica, que prioriza o ajuste fiscal e a redução do déficit
público, o presidente Temer contradiz esta mesma estratégia ao conceder ao
poder judiciário reajustes salarias bem acima da inflação de 2015 e à Bolsa
Família reajuste com índices superiores ao anunciado anteriormente pela
presidente Dilma.
Os altos índices de rejeição a seu governo, superiores a
76%, revelam que no momento, o presidente Temer está mais voltado a agradar
aqueles que podem garantir a continuidade do seu governo, deputados e
senadores, do que a população brasileira.
Contando com a passividade da população que foi às ruas
clamando pelo combate à corrupção e a saída da presidente Dilma, a arriscada
estratégia de Temer acena aos governadores dos estados, com a renegociação das
dívidas e a classe política, loteando os ministérios e estatais de segunda
linha.
Se por um lado praticamente assegura o definitivo
afastamento da presidente Dilma, esta ambígua estratégia, pode comprometer a
recuperação econômica do país, dificultando a redução do desemprego e da queda
dos índices inflacionários.
O que se espera do presidente Temer é que definida a
questão do Impeachment, mude sua estratégia de governo, reformule seu
ministério, utilizando o critério da meritocracia, e que, coloque a questão da
ética na política como prioridade.
* Membro do Conselho de Infraestrutura da FIEB
Nenhum comentário:
Postar um comentário