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quinta-feira, 2 de março de 2017

Da luta armada ao Itamaraty


Por Agência O Globo, com Valor
A trajetória do novo ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, foi de homem de confiança de Carlos Marighella na luta armada a quadro de destaque do PSDB. 
Aloysio iniciou a carreira política em 1967 como presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP). Era filiado ao PCB, que estava na clandestinidade. Foi nessa época que conheceu José Dirceu, então presidente do União Estadual dos Estudantes (UEE) e de quem é amigo até hoje.
Em seguida, se juntou aos quadros da Ação Libertadora Nacional (ALN) e entrou na luta armada. Foi motorista de Marighella, o principal líder da ALN, em algumas ações e chegou a participar do célebre assalto ao trem pagador Jundiaí-Santos, em 1968. Anos depois, ao falar sobre o passado de guerrilheiro, Aloysio dizia ter uma visão "absolutamente crítica" do movimento não só por ser uma tática equivocada, como por combater a ditadura por "uma via que não era democrática".
Aloysio foi eleito deputado estadual em São Paulo pelo PMDB em 1982.  Antes de mudar para o ninho tucano, foi vice-governador de São Paulo, no mandato de Luiz Antônio Fleury Filho, entre 1991 e 1994. Já no PSDB, entre 2001 e 2002, ocupou o Ministério da Justiça,  no governo Fernando Henrique Cardoso. Em seguida, se aproximou do seu antecessor na pasta de Relações Exteriores, José Serra. Foi o seu braço-direto tanto na Prefeitura de São Paulo (2005.-2006) como no governo do estado (2007-2010). 
Em 2010, Aloysio foi eleito senador e assumiu a linha de frente da oposição ao governo de Dilma Rousseff. Assim como Serra, o seu antecessor no ministério, era um crítico duro da política externa dos governos petistas e defensor, por exemplo, de sanções à Venezuela por causa da escalada autoritária do governo de Nicolás Maduro. Em 2015, viajou com outros parlamentares brasileiros para o país e foi hostilizado, causando uma crise diplomática. Ao ser escolhido vice de Aécio na chapa presidencial em 2014, esfriou um pouco a sua relação com Serra, rival do senador mineiro na disputa interna do PSDB.
Com a derrota de Aécio, permaneceu no Senado, onde presidiu a Comissão de Relações Exteriores no Senado no último biênio. Agora, à frente do Itamaraty, caberá a Aloysio Nunes conduzir a política externa brasileira e as negociações diplomáticas, em um cenário intranquilo com a eleição de Donald Trump como presidente dos EUA. Trump sinaliza, por exemplo, que poderá ignorar regras internacionais de comércio e impor sanções unilaterais contra parceiros. Em manifestação no Twitter por ocasião da vitória de Trump, Aloysio disse considerar o novo presidente o que há "de mais incontrolado" no partido Republicano.

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