Observatório do Cotidiano
Reflexões e artigos sobre o dia a dia, livros, filmes, política, eventos e os principais acontecimentos
segunda-feira, 16 de setembro de 2024
Contrato de Concessão da Malha Ferroviária Baiana vai à Audiência Pública
quinta-feira, 18 de abril de 2024
O pálido ponto azul
Carl Sagan*
quarta-feira, 17 de abril de 2024
Wolfsburg: a maior fábrica da Volkswagen no mundo
A fábrica emprega 5.000 robôs e 65.000 pessoas para fabricar 3.500 carros por dia.
Wolfsburg, a cerca de 220 quilómetros de Berlim pela estrada A2 e a 100 quilómetros de Hannover, é uma das maiores cidades da Alemanha. A cidade é conhecida por abrigar a sede da Volkswagen, que vende automóveis em 153 países a partir de 123 unidades de produção em todo o mundo. Deles, a fábrica de Wolfsburg é reconhecida mundialmente como a maior fábrica do mundo, em termos de área espalhada por 70 milhões de pés quadrados.s números revelam o tamanho desta gigantesca fábrica. A fábrica emprega 65 mil pessoas (25 por cento são mulheres) e as linhas de produção têm 2,5 quilómetros de comprimento e 300 metros de largura. São necessários cerca de 14 dias para levar o protótipo a testes e as chapas metálicas são prensadas por numerosos guindastes e prensas enormes que variam de 50 toneladas a 7.800 toneladas, novamente consideradas as maiores do mundo. A fábrica é 98% automatizada e 5.000 robôs trabalham continuamente nas linhas de produção.
Os trabalhadores circulam em cerca de 7 mil bicicletas estacionadas dentro das linhas de produção. A fábrica automatizada oferece um milhão de variações aos seus clientes e todos os dias 3.500 carros em 5-6 famílias dos modelos mais recentes da Volkswagen saem da fábrica para serem enviados para várias partes do mundo, principalmente na Europa. Cerca de 1.000 caminhões circulam diariamente pelas instalações da fábrica com milhares de peças para serem montadas nesses carros. O espaço conta com cerca de 50 restaurantes para os trabalhadores, que servem mais de 50 mil refeições por dia e vende mais de oito milhões de enchidos, explica o guia.
Uma cidade medieval com história que remonta ao século XIII, Wolfsburg ganhou destaque depois que a Volkswagen criou uma cidade planejada ao redor do rio Aller em 1938 como a 'Stadt des KdF-Wagens bei Fallersleben' ou a 'Cidade do Carro KdF em Fallersleben' . A cidade foi criada em torno da vila de Fallersleben para abrigar os trabalhadores das fábricas da Volkswagen (carros populares) que montam o famoso Fusca. Graças à Volkswagen, agora a cidade de Wolfsburg é uma das cidades mais ricas da Alemanha e uma das suas principais cidades. A Volkswagen (VW) lançou centenas de carros Fusca nesta fábrica entre 1938 e 2003 e esses carros foram vendidos em todo o mundo. Com quase 2,2 carros produzidos, o Fusca foi o carro de plataforma única mais antigo e mais fabricado. Agora, ela fabrica carros VW modernos e populares, como o Touran, um MPV compacto e o Golf para a Europa e outros mercados selecionados.
segunda-feira, 15 de abril de 2024
Como a Grande Mídia mistifica e manipula as opiniões.
Luís Flávio Gomes*
Todos os grandes meios de comunicação têm, naturalmente, suas preferências – partidárias, eleitorais, ideológicas e, sobretudo, pecuniárias. Já sabemos que nas democracias venais contemporâneas o dinheiro deslavadamente gera poder e que o poder desavergonhadamente gera dinheiro. A mídia, na medida em que filtra e manipula conteúdos, apresenta-se como uma das pontes privilegiadas de ligação dessa política institucionalmente argentária.
O linguista e sociólogo Noam Chomsky, professor emérito do Massachusetts Institute of Technology (em Boston) e tido pelo New York Times como “o maior intelectual vivo”, catalogou as dez técnicas de mistificação e manipulação promovidas pela grande mídia [1]. Trata-se de um decálogo extremamente útil, especialmente para aqueles que bravamente desafiam a inexpugnável ignorância diária. Vejamos:
1. A estratégia da distração. É fundamental, para o grande lobby dos poderes, manter a atenção do público concentrada em temas de pouca relevância (programas banais de TV, por exemplo), fazendo com que o cidadão comum se interesse apenas por fatos insignificantes. A exagerada concentração em fatos da crônica policial, dramatizada e manipulada, faz parte desse jogo.
2. Princípio do “problema-solução do problema”. A partir de dados incompletos, incorretos ou manipulados, inventa-se um grande problema para causar certa reação no público, com o propósito de que seja este o mandante – ou solicitante – das medidas que se quer adotar (é preciso dar voz ao povo). Um exemplo: deixa-se a população totalmente ansiosa com a notícia da existência de uma epidemia mortal (febre aviária, por exemplo), criando um injustificado alarmismo com o objetivo de vender remédios que de outra forma seriam inutilizados.
3. estratégia da gradualidade. Para fazer o povo aceitar uma medida inaceitável, basta aplicá-la e noticiá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos – ou meses, ou dias – seguidos. É dessa maneira que se introduzem novas e duras condições socioeconômicas, em prejuízo da população. Tudo é feito e contado gradualmente, porque muitas mudanças juntas podem provocar uma revolução.
4. A estratégia do diferimento (adiamento). Um outro modo de fazer aceitar uma decisão impopular consiste em apresentá-la como “dolorosa e necessária”, alcançando-se momentaneamente sua aceitação, para uma aplicação futura (“piano piano si va lontano”, o equivale mais ou menos ao nosso “devagar se vai ao longe”).
5. Comunicar-se com o público como se falasse a uma criança. Quanto mais se pretende enganar o público, mais se tende a usar um tom infantil. Diversos programas ou conteúdos possuem essa conotação infantilizada. Por quê? Se nos comunicarmos com as pessoas como se elas tivessem 11 anos de idade, elas tendem a responder provavelmente sem nenhum senso crítico, como se tivessem mesmo 11 anos de idade (as crianças não conseguem fazer juízos abstratos).
6. Explorar a emotividade muito mais que estimular a reflexão. A emoção, com efeito, coloca de escanteio a parte racional do indivíduo, tornando-o facilmente influenciável, sugestionável. Essa é a grande técnica empregada pelo populismo demagogo punitivo.
7. Manter o público na ignorância e na mediocridade. Poucos conhecem, ainda que superficialmente, os resultados já validados das ciências (criminais, médicas, tecnológicas etc.). A manipulação fica facilitada quando o povo é mantido na ignorância; isso significa dizer não à escola de qualidade para todos.
8. Impor modelos de comportamento.Controlar indivíduos enquadrados e medíocres é muito mais fácil que gerir indivíduos pensantes. Os modelos impostos pela publicidade são funcionais para esse projeto.
9. A autoculpabilização. Todo discurso (midiática e religiosamente) é feito para fazer o indivíduo acreditar que ele mesmo é a única causa do seu próprio insucesso e da própria desgraça. Que o problema é individual e não tem nada a ver com o social. Dessa forma, ao contrário de se suscitar uma rebelião contra o sistema socioeconômico que marginaliza a maioria, o indivíduo se subestima, se desvaloriza, se torna depressivo e até se autoflagela (assim é a vida no “vale das lágrimas”). A culpa pelo desemprego, pelo não encontro de novo emprego, pelo baixo salário (neoescravizador), pelas condições deploráveis de trabalho, pelo insucesso escolar, pela precarização das relações trabalhistas, pela diminuição do salário-desemprego, pela redução das aposentadorias, pela mediocridade cultural, pela ausência de competitividade no mercado etc. é dele, exclusivamente dele, não do sistema.
10. Os meios de comunicação sabem mais de você que você mesmo. Eles conhecem nossas preferências, fazem sondagens e pesquisas, diagramam nossas inclinações políticas e ideológicas e, mais que isso, sabem como ninguém explorar nossas emoções (sobretudo as mais primitivas). Não se estimula quase nunca a reflexão. O sistema manipula e exerce um grande poder sobre o público, muito maior que aquele que o cidadão exerce sobre ele mesmo.
Faça bom uso deste decálogo.
[1] CHOMSKY, Noam. “Ecco 10 modi per capire tutte le bugie che ci raccontano”, em Latinoamerica e tutti i sud del mondo, números 128/130. Roma: GME Produzioni, 2014/2015, páginas 146-147.
domingo, 31 de março de 2024
A maldição do sucesso : o caso das Jubartes
Encalhou uma baleia viva. E tenho uma péssima notícia: ela vai morrer. E mais: isso é uma ótima notícia para a conservação. Não entendeu nada e ficou indignado? Pois é, essa é a reação da imensa maioria das pessoas quando nos deparamos com encalhes de baleias em nossa costa, um fenômeno cada vez mais regular devido ao enorme sucesso das ações de conservação. Quem não entende lhufas de Ecologia, nem de baleias, nem do histórico da batalha para salvar esses animais da extinção, fica urrando nas redes sociais ou nos botecos a cada baleia encalhada, em geral vociferando contra os projetos e as pessoas que trabalham na pesquisa e conservação desses animais de maneira séria e árdua, mas que, de um lado, não conseguiram atingir o nirvana de mentalizar para fazer seres de 40 toneladas voarem para longe da costa, e de outro, sabem que se trata de um processo natural e que, ainda que cada encalhe e morte nos pareça triste, deveria ser celebrado como uma grande conquista da conservação marinha no Brasil. É mais ou menos fato aceito que seres vivos morrem. Baleias são seres vivos, ou assim acreditamos. No final da década de 1980, quando a caça indiscriminada estava levando a maioria das espécies à beira da extinção, restavam na população brasileira de baleias-jubarte algo em torno de 300 a 500 animais apenas, escondidos no Banco dos Abrolhos.
Em condições normais, isso seria encarado com naturalidade. Uma baleia morta pode ser um evento triste, especialmente quando encalham vivas e demoram a morrer, nos fazendo sofrer junto com ela em seus últimos momentos. Mas expirada a vida, a carcaça de uma baleia não é desperdiçada no mundo natural. Ela contém uma enorme quantidade de biomassa, podendo alimentar diversos outros organismos, já seja numa praia em que aves, crustáceos e outros seres a aproveitam, ao boiar mar afora e alimentar tubarões e outros grandes peixes, ou no fundo marinho, onde especialmente a grandes profundidades uma “queda” de uma carcaça de baleia é uma benção para as comunidades de animais que vivem numa permanente escassez de comida.
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