Presidente da comissão reage à recusa de Gurgel a depor
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, informou que vai recusar convites e convocações para comparecer à CPI que investiga o empresário Carlos Augusto Ramos, mais conhecido como Carlinhos Cachoeira.
Gurgel justificou a recusa, dizendo que é titular do inquérito em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) e, portanto, não pode atuar como testemunha na CPI. Ele esteve reunido, ontem, com o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) e o deputado Odair Cunha (PT-MG), presidente e relator, respectivamente, da CPI.
Após o encontro, a assessoria do Ministério Público Federal, informou que um eventual depoimento do procurador-geral à comissão "poderá futuramente torná-lo impedido para atuar nos inquéritos em curso e ações penais subsequentes".
Mas, o presidente da CPI não saiu totalmente satisfeito com a resposta. "O procurador-geral é o presidente do inquérito. Ele poderia nos prestar esclarecimentos", disse Vital.
Gurgel aproveitou a reunião com os parlamentares para rebater as acusações de que demorou com as investigações. Ele explicou que recebeu da Polícia Federal o material relativo à Operação Monte Carlo, em 9 de março e, no dia 27 do mesmo mês, requereu a instauração de inquérito no STF. Com isso, ele respondeu às alegações de que teria deixado de abrir investigações após a realização da Operação Las Vegas, que foi realizada em 2009 e também teve Cachoeira como alvo.
Segundo Gurgel, na Operação Las Vegas, "os elementos não eram suficientes para qualquer iniciativa no âmbito do STF". Já na Operação Monte Carlo, "o material, agora sim, reunia indícios suficientes relacionados a pessoas com prerrogativa de foro". Por isso, ele pediu, em março, a abertura de inquérito no STF contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), que foi gravado pela PF em sucessivos contatos com Cachoeira.
Em nota, o MPF informou que o inquérito que envolve Cachoeira e Demóstenes é vasto e que Gurgel não vai deixar de investigar qualquer pessoa que tenha envolvimento com negócios supostamente ilícitos do empresário. "O material do inquérito é muito vasto e está sendo analisado com o devido critério e a necessária prioridade", diz a nota. "O Ministério Público Federal, como sempre, não se furtará a investigar quem quer que seja", completou.
Mesmo com a recusa de Gurgel, o encontro serviu como uma aproximação entre o Ministério Público e a CPI. "É o começo de um processo de colaboração entre nós e o procurador-geral", afirmou Vital. (JB)
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