“Na porta do inferno não resta mais esperança”. Parafraseando Dante Alighieri, autor de A Divina Comédia, o diretor da Associação dos Blocos de Trio (ABT), Joaquim Nery, denunciou a situação em que vivem os habitantes da cidade. “Salvador está um caos. O trânsito não anda, a cidade não se desenvolve e as pessoas vivem mal”, diz ele.
Na tentativa de reverter esse quadro, representantes de 11 entidades se reuniram ontem para lançar o Instituto Movimenta Salvador, que pretende reunir projetos e apresentar soluções para o poder público resolver as questões mais graves da capital. O local escolhido foi o Convento do Carmo, segundo o presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), José de Freitas Mascarenhas, para não esquecer que Salvador já teve um passado de glória.
O presidente da Fieb ressaltou que a mobilidade urbana é a mãe de todos os problemas da cidade e comparou a situação caótica do trânsito aos problemas enfrentados por São Paulo e Rio de Janeiro, com o agravante de que Salvador não tem a capacidade financeira dessas cidades.
Mascarenhas adiantou que, desde o começo do ano, a Federação já vem discutindo com o governo do estado o planejamento urbano de Salvador e Região Metropolitana.
“Não adianta pensar soluções aos pedaços. Temos que planejar as cidades com vistas ao futuro”, diz. Sem falar em datas, ele afirmou que o projeto está nas minutas finais.
Mascarenhas enumerou outros problemas, como a questão do lixo, da saúde, da educação e do lazer, mas ressaltou que cada um deverá ser resolvido separadamente. “Vamos nos reunir em 15 dias e a partir daí apresentar o nosso plano de trabalho”. Mascarenhas será o presidente do Conselho do Movimenta e Nery o diretor da entidade.
Momento
Nery acredita que este é o momento ideal para pensar um projeto desenvolvimentista. “Faltam calçadas, falta segurança, falta iluminação e não nos arriscamos sequer a passear pelas nossas avenidas”.
O presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Salvador, Silvio Pessoa, chamou a atenção para o abandono do setor turístico. “Temos uma cidade sem gestão nos últimos tempos, as pessoas não respeitam a legislação municipal e a orla está judicializada (com questões políticas decididas por autoridades jurídicas) há quatro anos”, salientou.
Ele disse que o turismo tem perdido muito com esses problemas. Até 2001, por exemplo, julho era um mês que já chegou a 80% de ocupação hoteleira.
Neste ano, o mesmo mês registrou uma ocupação de 62%. O Movimenta Salvador não tem fins políticos, frisam seus membros. “O prefeito que for eleito é o prefeito que nos interessa”, concluiu Mascarenhas.
Composição do conselho do Movimenta Salvador
Alex Amaral - membro da Associação Brasileira de Entretenimento - Seção Bahia (Abre)
Antonie Tawil - presidente da Federação das Câmaras dos Dirigentes Lojistas da Bahia (FCDL-BA)
Joaquim Nery - diretor da Associação Brasileira de Entretenimento (Abre) e da Associação dos Blocos de Trio (ABT)
José de Freitas Mascarenhas - presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb)
João Gomes - membro da Associação Baiana do Mercado Publicitário (ABMP) e diretor de Marketing e Relações Instituições da Rede Bahia
Jorge Portugal - representante do setor cultural
Isaac Edington - fundador do Instituto Ecodesenvolvimento
Roberto Santos - membro da Academia de Ciências da Bahia (ACB)
Saul Quadros - presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Bahia
Silvio Pessoa - presidente do Conselho Baiano de Turismo (CBTUR)
Walter Pinheiro - presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI)
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