Valor Econômico - São paulo
SÃO PAULO -
Reportagem da revista “Veja” que chegou às bancas nesta sexta-feira conta que o
publicitário Marcos Valério teria revelado em novo depoimento ao Ministério
Público Federal (MPF) detalhes sobre o envolvimento do Partido dos
Trabalhadores (PT) com o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel,
em janeiro de 2002. Com a declaração, Valério tenta obter da Justiça um acordo
de delação premiada para reduzir sua pena.
Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a
mais de 40 anos de prisão por ser um dos articuladores do mensalão, Valério
afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu chefe de gabinete
Gilberto Carvalho, atual secretário-geral da presidente Dilma Rousseff, estavam
sendo extorquidos por pessoas ligadas ao crime em Santo André (SP), entre eles,
o empresário Ronan Maria Pinto, apontado pelo MPF como integrante de um esquema
de cobrança de propina na prefeitura da cidade.
Conforme a reportagem, Valério foi procurado pelos
petistas para pagar o dinheiro da chantagem, mas o empresário teria se
recusado. "Nisso aí, eu não me meto", teria dito Valério em um
encontro com Sílvio Pereira, então secretário-geral do PT, e Ronan. Segundo o
publicitário, quem teria pago a conta seria um amigo pessoal de Lula, que
utilizou um banco não citado no mensalão.
O publicitário, que teme por sua vida, também
afirma que pode dar detalhes sobre o envolvimento de Lula no esquema do
mensalão. Ele diz ser capaz esclarecer o mistério sobre a origem de R$ 1,7
milhão apreendidos pela Polícia Federal no escândalo do dossiê dos aloprados,
em 2006.
Na ocasião, a Polícia Federal prendeu dois petistas
que tentavam negociar um falso dossiê para envolver os tucanos José Serra,
então candidato a presidente, e Geraldo Alckmin, que disputava o governo de São
Paulo, no caso dos sanguessugas. O escândalo, que o então presidente Lula
atribuiu a um “bando de aloprados”, atingiu em cheio o adversário de Alckmin na
corrida eleitoral de 2006, Aloizio Mercadante. Hamilton Lacerda, seu secretário
de Comunicações, foi filmado entrando com uma mala no hotel onde a transação
seria feita.
Valério também declarou que possui informações
comprometedoras sobre a participação do ex-ministro Antonio Palocci na
arrecadação de recursos para o caixa do PT. O depoimento citado pela revista
“Veja” já havia sido tema de reportagem de ontem (1) do jornal “O Estado de
S.Paulo”, que destacava o envolvimento de Lula no mensalão.
Presidente do PT minimiza
depoimento de Marcos Valério ao MP
Raphael Di Cunto | Valor
SÃO PAULO - O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou
nesta quinta-feira que o partido “não tem nada a temer” em relação ao
publicitário Marcos Valério, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como
um dos articuladores do mensalão. “Tudo o que ele tinha para falar, já disse ao
tribunal”, afirmoui, após participar de reunião da executiva nacional da sigla
em São Paulo.
Reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” afirma
que Valério teria prestado novo depoimento ao Ministério Público no fim de
setembro. Nele, teria citado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
relatado ameaças de morte e prometido dar mais informações do esquema em troca
de delação premiada.
O presidente do PT disse desconhecer o novo
depoimento e não quis comentar se seria uma tentativa de chantagem. Falcão
ainda afirmou que a nota preparada na reunião desta quinta pelo partido com uma
avaliação do julgamento só será divulgada após a definição das penas de cada um
dos 25 condenados. “Não sabemos se os companheiros condenados terão penas privativas
de liberdade. Na minha opinião, não deveriam ter”, afirmou, sem revelar o
conteúdo do texto.
Também se manifestram sobre a revelação de um
possível depoimento de Valério o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS),
e o líder do partido, Jilmar Tatto (PT-SP).
Durante a reunião do PT, o presidente do partido
também encontrou-se com o senador Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP), suplente de
Marta Suplicy (PT), que está licenciada para exercer a função de ministra da
Cultura. Nos bastidores, comenta-se a hipótese de um acordo entre PT e
Rodrigues para que o suplente desistisse da vaga em troca da presidência da Câmara
Municipal de São Paulo, na qual é vereador licenciado.
Isso faria com que o segundo suplente de Marta, o
secretário de organização do PT, Paulo Frateschi, ficasse com a vaga no Senado
e aumentasse a bancada do partido. Falcão disse que questionou Rodrigues sobre
se os comentários eram verdadeiros e o senador negou o acordo. “Ele desmentiu
cabalmente e disse que quer exercer o mandato no Senado até quando for
possível”, relatou o presidente do PT.
(Raphael Di Cunto | Valor)
Valério é desqualificado
para novas acusações, diz líder do PT
Por Raphael Di Cunto | Valor
SÃO PAULO - No mesmo dia em que o PT reúne a Executiva, vieram
a público informações dando conta que o empresário Marcos Valério teria dado
depoimento recente ao Ministério Público e feito novas revelações sobre o
mensalão que envolveriam o ex-presidente Lula e o ex-ministro Antonio Palocci.
Para o líder do PT na Câmara dos Deputados, Jilmar
Tatto (SP), Valério, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como
operador do mensalão, é “desqualificado” para fazer novas acusações.
“É uma pessoa já condenada, e que provavelmente vai
para a cadeia nos próximos meses, portanto hoje é ainda mais desqualificado
para emitir qualquer opinião a respeito do comportamento dos outros”, disse
Tatto, que participa da reunião da Executiva do partido em São Paulo.
No novo depoimento, segundo o jornal “O Estado de
S. Paulo”, Valério teria prometido entregar mais provas e documentos em troca
de ser inscrito no programa de proteção à testemunha – o que poderia reduzir
sua pena.
Tatto disse que não vê o depoimento como tentativa
de chantagear o partido e que, se Valério realmente tivesse mais informações,
teria falado antes. “Ele está desesperado, não merece o mínimo de
credibilidade”, minimizou o deputado. “As relações dele com o PT são
conhecidas. Foram objeto, inclusive, de pessoas do PT terem sido condenadas.
Não há nada de novo”, reiterou.
O parlamentar afirmou que “não é juiz” para dizer
se as condenações de correligionários foram corretas, mas disse que o partido
tem que se solidarizar com o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, com o
ex-presidente do PT José Genoino e com o ex-tesoureiro do partido Delúbio
Soares, todos condenados.Inicialmente a reunião da legenda desta
quinta-feira divulgaria uma nota sobre os integrantes do partido envolvidos no
mensalão, mas a iniciativa foi adiada para após o fim do julgamento.
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