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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Valério cita Lula e relaciona PT à morte de Celso Daniel


 Valor Econômico - São paulo
SÃO PAULO - Reportagem da revista “Veja” que chegou às bancas nesta sexta-feira conta que o publicitário Marcos Valério teria revelado em novo depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) detalhes sobre o envolvimento do Partido dos Trabalhadores (PT) com o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, em janeiro de 2002. Com a declaração, Valério tenta obter da Justiça um acordo de delação premiada para reduzir sua pena.
Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a mais de 40 anos de prisão por ser um dos articuladores do mensalão, Valério afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu chefe de gabinete Gilberto Carvalho, atual secretário-geral da presidente Dilma Rousseff, estavam sendo extorquidos por pessoas ligadas ao crime em Santo André (SP), entre eles, o empresário Ronan Maria Pinto, apontado pelo MPF como integrante de um esquema de cobrança de propina na prefeitura da cidade.
Conforme a reportagem, Valério foi procurado pelos petistas para pagar o dinheiro da chantagem, mas o empresário teria se recusado. "Nisso aí, eu não me meto", teria dito Valério em um encontro com Sílvio Pereira, então secretário-geral do PT, e Ronan. Segundo o publicitário, quem teria pago a conta seria um amigo pessoal de Lula, que utilizou um banco não citado no mensalão.
O publicitário, que teme por sua vida, também afirma que pode dar detalhes sobre o envolvimento de Lula no esquema do mensalão. Ele diz ser capaz esclarecer o mistério sobre a origem de R$ 1,7 milhão apreendidos pela Polícia Federal no escândalo do dossiê dos aloprados, em 2006.
Na ocasião, a Polícia Federal prendeu dois petistas que tentavam negociar um falso dossiê para envolver os tucanos José Serra, então candidato a presidente, e Geraldo Alckmin, que disputava o governo de São Paulo, no caso dos sanguessugas. O escândalo, que o então presidente Lula atribuiu a um “bando de aloprados”, atingiu em cheio o adversário de Alckmin na corrida eleitoral de 2006, Aloizio Mercadante. Hamilton Lacerda, seu secretário de Comunicações, foi filmado entrando com uma mala no hotel onde a transação seria feita.
Valério também declarou que possui informações comprometedoras sobre a participação do ex-ministro Antonio Palocci na arrecadação de recursos para o caixa do PT. O depoimento citado pela revista “Veja” já havia sido tema de reportagem de ontem (1) do jornal “O Estado de S.Paulo”, que destacava o envolvimento de Lula no mensalão.
Presidente do PT minimiza depoimento de Marcos Valério ao MP
Raphael Di Cunto | Valor
SÃO PAULO - O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou nesta quinta-feira que o partido “não tem nada a temer” em relação ao publicitário Marcos Valério, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como um dos articuladores do mensalão. “Tudo o que ele tinha para falar, já disse ao tribunal”, afirmoui, após participar de reunião da executiva nacional da sigla em São Paulo.
Reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” afirma que Valério teria prestado novo depoimento ao Ministério Público no fim de setembro. Nele, teria citado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, relatado ameaças de morte e prometido dar mais informações do esquema em troca de delação premiada.
O presidente do PT disse desconhecer o novo depoimento e não quis comentar se seria uma tentativa de chantagem. Falcão ainda afirmou que a nota preparada na reunião desta quinta pelo partido com uma avaliação do julgamento só será divulgada após a definição das penas de cada um dos 25 condenados. “Não sabemos se os companheiros condenados terão penas privativas de liberdade. Na minha opinião, não deveriam ter”, afirmou, sem revelar o conteúdo do texto.
Também se manifestram sobre a revelação de um possível depoimento de Valério o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), e o líder do partido, Jilmar Tatto (PT-SP).
Durante a reunião do PT, o presidente do partido também encontrou-se com o senador Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP), suplente de Marta Suplicy (PT), que está licenciada para exercer a função de ministra da Cultura. Nos bastidores, comenta-se a hipótese de um acordo entre PT e Rodrigues para que o suplente desistisse da vaga em troca da presidência da Câmara Municipal de São Paulo, na qual é vereador licenciado.
Isso faria com que o segundo suplente de Marta, o secretário de organização do PT, Paulo Frateschi, ficasse com a vaga no Senado e aumentasse a bancada do partido. Falcão disse que questionou Rodrigues sobre se os comentários eram verdadeiros e o senador negou o acordo. “Ele desmentiu cabalmente e disse que quer exercer o mandato no Senado até quando for possível”, relatou o presidente do PT.
(Raphael Di Cunto | Valor)
Valério é desqualificado para novas acusações, diz líder do PT
Por Raphael Di Cunto | Valor
SÃO PAULO - No mesmo dia em que o PT reúne a Executiva, vieram a público informações dando conta que o empresário Marcos Valério teria dado depoimento recente ao Ministério Público e feito novas revelações sobre o mensalão que envolveriam o ex-presidente Lula e o ex-ministro Antonio Palocci.
Para o líder do PT na Câmara dos Deputados, Jilmar Tatto (SP), Valério, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como operador do mensalão, é “desqualificado” para fazer novas acusações.
“É uma pessoa já condenada, e que provavelmente vai para a cadeia nos próximos meses, portanto hoje é ainda mais desqualificado para emitir qualquer opinião a respeito do comportamento dos outros”, disse Tatto, que participa da reunião da Executiva do partido em São Paulo.
No novo depoimento, segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, Valério teria prometido entregar mais provas e documentos em troca de ser inscrito no programa de proteção à testemunha – o que poderia reduzir sua pena.
Tatto disse que não vê o depoimento como tentativa de chantagear o partido e que, se Valério realmente tivesse mais informações, teria falado antes. “Ele está desesperado, não merece o mínimo de credibilidade”, minimizou o deputado. “As relações dele com o PT são conhecidas. Foram objeto, inclusive, de pessoas do PT terem sido condenadas. Não há nada de novo”, reiterou.
O parlamentar afirmou que “não é juiz” para dizer se as condenações de correligionários foram corretas, mas disse que o partido tem que se solidarizar com o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, com o ex-presidente do PT José Genoino e com o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, todos condenados.Inicialmente a reunião da legenda desta quinta-feira divulgaria uma nota sobre os integrantes do partido envolvidos no mensalão, mas a iniciativa foi adiada para após o fim do julgamento.

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