sexta-feira, 19 de maio de 2017

A história da JBS

A história da JBS é uma pequena história do Brasil
A JBS foi a maior doadora de campanha nas últimas eleições. Liberou quase 400 MILHÕES de reais em 2014 para políticos de praticamente TODOS OS PARTIDOS. 
O lucro líquido da JBS em 2016 foi de R$ 5,1 BILHÕES de reais. E a sua receita líquida de R$ 162,9 BILHÕES. -Ao acertarem a delação, os irmãos Joesley e Wesley pagarão uma singela multa de 225 milhões de reais. Não serão presos e poderão continuar à frente da JBS, sem restrições. E mais nada. 
O BNDES despejou mais de R$ 10 BILHÕES na JBS nos governos Lula e Dilma, tornando-se SÓCIO da empresa, com participação de cerca de 25% atualmente (em conjunto com a Caixa Econômica). 
A injeção direta de dinheiro público foi fundamental para que a JBS adquirisse inúmeros concorrentes nos últimos anos e se tornasse A MAIOR PROCESSADORA DE CARNES DO MUNDO. 
O grupo tem hoje mais de 210 mil funcionários, espalhados pelo Brasil e pelos países onde estão instalados – Argentina, Uruguai, Itália, México, Canadá, Estados Unidos e Austrália. 
A JBS está de mudança para o exterior. E essa é a explicação para que o empresário tenha decidido fechar a toque de caixa a delação das delações. -Joesley Batista quer assegurar o passaporte de seu grupo para fora do Brasil. Para garantir a execução do plano traçado, a empresa e seus controladores precisavam se acertar com o Departamento de Justiça dos Estados- Unidos, o poderoso DoJ. 
A maior parte das operações do JBS — quase 80% — já estão no exterior hoje. Nos Estados Unidos são 56 fábricas de processamento de carne e quase metade das suas vendas globais. 
Em dezembro o grupo aprovou a realização de um IPO na Bolsa de Nova York, num amplo processo de reorganização que levará o grupo a deixar de ser essencialmente brasileiro. A empresa que abrirá o capital é a JBS Foods International, com sede na Holanda, e que deterá todos os negócios internacionais da JBS e da Seara. 
Ainda no ano passado, o grupo tentou migrar sua sede para a Irlanda, como parte desse plano, mas a rota teve que ser alterada por oposição do BNDES e quando o Brasil passou a considerar aquele país um paraíso fiscal. 
A JBS também é dona do Banco Original, presidido por Henrique Meirelles, ministro da Fazenda do governo Temer e ex-presidente do conselho de administração da holding J&F. 
A Eldorado Celulose, empresa da J&F Participações, também é investigada na Lava Jato. -A origem da JBS é um pequeno açougue, a Casa de Carnes Mineira, fundado em 1953, em Anápolis, Goiás. 
O negócio começou a prosperar com INCENTIVOS FISCAIS oferecidos pelo GOVERNO De JUSCELINO KUBITSCHECK aos fornecedores dispostos a atender às necessidades de carne da construção de Brasília. 
Com isso, José Batista Sobrinho, o “Zé Mineiro”, pai de Wesley e Joesley, passou a VENDER CARNE PARA EMPREITEIRAS. 
No final dos anos 70, a família se mudou para a capital federal. A maior frustação da mãe era a inaptidão dos rapazes para o estudo. Todos deixaram o colégio antes do término do 2º grau e foram trabalhar com o pai. 
Quando Wesley e depois Joesley decidiram pegar no batente, o pai entregou um negócio para cada um e disse que se virassem. Nessa época, ele tinha dois pequenos frigoríficos em Goiás, já conhecidos por Friboi, nome dado por um cliente amigo. Júnior tocava os negócios em Brasília. Os três filhos aprenderam a administrar na prática. Nunca fizeram curso de contabilidade ou alguma especialização em finanças ou administração. Nos frigoríficos de que tomavam conta, faziam de tudo: do controle do caixa até acompanhar o abate dos animais. 
O ponto de inflexão na trajetória da empresa se deu em meados dos anos 90. A valorização cambial, provocada pela paridade da moeda brasileira com o dólar, fixada pelo Plano Real, derrubou as exportações dos grandes frigoríficos, que perderam competitividade internacional e entraram em crise. Já a Friboi, que vendia para o mercado interno, teve um ganho considerável em razão da explosão do consumo de carne provocado pela melhora do poder aquisitivo dos brasileiros. 
Com o caixa fortalecido e se valendo de crédito público, os irmãos Batista foram às compras. Adquiriram uma série de frigoríficos endividados, à beira da falência, sem condições de continuar a operação. Primeiro arrendaram uma unidade do Bordon que estava desativada. Dali foram aumentando sua participação no mercado, usando as aquisições como estratégia. “A gente pegava os frigoríficos mal das pernas, saneava e botava pra funcionar”, explicou Joesley. “Pegamos uma época boa. 
Os frigoríficos exportadores estavam mal e nós estávamos bem, com dinheiro em caixa.” Um analista definiu essa estratégia da JBS como, no mínimo, peculiar. “Foi uma forma diferente de crescer nos negócios”, disse-me ele num café em São Paulo. “Eles não expandiram para depois comprar. Eles foram comprando para se expandir.” 
No começo de 2000, eles já eram donos de alguns dos mais importantes frigoríficos, como o Anglo – o maior de Goiás –, o Bordon e a Swift Armour. A compra do Bordon foi uma das grandes tacadas dos Batista. O negócio foi feito em sociedade com outro grande frigorífico, o Bertin, do interior de São Paulo. Os futuros proprietários, amigos de longa data, não tiveram dificuldade para entrar em entendimento. Com um empréstimo do Banco do Brasil, adquiriram o Bordon – que, embora quebrado, tinha uma excelente operação de exportação de carne processada (enlatada e moída). 
Dessa sociedade surgiu a BF, de Bertin e Friboi, que a partir daí passou a trabalhar não apenas com o abate, mas também com carne industrializada. Em 2009, a sociedade foi desfeita. Os Batista compraram a parte dos Bertin e ficaram sozinhos no negócio. 
Em 2007, com a abertura de capital, a empresa mudou de patamar. O negócio saiu da casa dos milhões de reais para a de bilhões. “A abertura de capital se deu num momento extraordinário”, empolgou-se Wesley, durante uma conversa na JBS. “O mundo estava jorrando liquidez e fizemos o maior IPO (oferta pública inicial de ações, em português) da Bolsa brasileira. Vendemos 20% da empresa por 800 milhão de real”, disse ele. Tanto Wesley como Joesley nunca pronunciam o plural de milhões e bilhões, o que acaba por atenuar o impacto das cifras, como se estivessem tratando de tostões no varejo. -Poucos meses após a bem-sucedida oferta de ações, eles foram procurados pelo J.P.Morgan. O banco americano fora incumbido de vender a Swift americana, um dos mais tradicionais frigoríficos dos Estados Unidos, fundado em 1885, que naquele momento pertencia a um fundo de ações. 
Para disputar a concorrência, eles precisavam de um avantajado aporte de capital. Os 800 milhões de reais que haviam levantado na Bolsa não seriam suficientes. Foi então que o BNDES foi convocado a entrar no jogo como sócio – de onde não saiu mais. 
A JBS começava a se transformar no maior símbolo do projeto de campeões nacionais idealizado por Luciano Coutinho, presidente do BNDES. -A Seara no oeste de Santa Catarina, é a segunda maior empresa de alimentos processados do país, só perdendo para a Brasil Foods (BRF), resultado da fusão da Perdigão com a Sadia. Desde 2013 ela pertence à JBS. 
O frigorífico Marfrig, dono da Seara, tinha uma dívida de 5,8 bilhões, que os Batista assumiram em troca da empresa. 
Um dos maiores problemas do grupo, no momento, é um negócio fora da área de alimentos: a empresa Eldorado, de papel e celulose. Suas duas imensas fábricas em Mato Grosso do Sul receberam empréstimo de 4 bilhões de reais do BNDES, além de apoio dos fundos de pensão das estatais, como o Petros, da Petrobras. A empresa, inaugurada com a presença do vice-presidente, Michel Temer, e com show do cantor lírico italiano Andrea Bocelli, ainda não decolou e seus resultados têm sido desanimadores. Sua dívida é de 6,7 bilhões de reais, para um patrimônio de apenas 886 milhões. O prejuízo no terceiro trimestre de 2014 foi de 184 milhões de reais. Afora isso, sua concorrente Fibria entrou na Justiça acusando a Eldorado de ter lhe roubado um produto patenteado. 
O total de repasses do Tesouro a bancos públicos para fomentar o crédito cresceu mais de 30 vezes entre 2007 e o ano passado: de 14 bilhões, passou para 477 bilhões de reais. Essa foi uma das razões para o péssimo resultado das contas públicas em 2014, a pior da última década. 
A visita de Joesley a Temer, no Palácio do Jaburu, dura menos de 38 minutos. A conversa entre Joesley e o presidente começa, de fato, a partir do quinto minuto da gravação. O diálogo sobre a condição do país dura pouco mais de três minutos. 
Todo o restante do bate-papo é concentrado nos problemas da JBS e dos irmãos com a Justiça. Sem nenhuma cerimônia, Joesley fala sobre sua gestão dessas crises, com pagamento a políticos e membros do Judiciário, como juízes e procuradores. O empresário fala, inclusive, sobre a tentativa de trocar o procurador que ‘estava atrás’ dele. 
“Foi o perfeito golpe de mestre”, disse o presidente de um banco. “O Joesley fez o que fez porque está de mudança para os Estados Unidos. Pagará uma multa patética e irá embora, deixando o país na lama”, completou. Um outro alto executivo de instituição financeira relutava em acreditar que não haverá uma pena adicional para Joesley Batista. 
“O sujeito faz e desfaz, paga todo mundo e, além de tudo, vai embora, passar bem em Nova York. A mensagem que fica é que o crime compensa”, disse o gestor de um grande fundo de participações em ativos de infraestrutura. Junto com a indignação sobre as penas, havia uma cobrança pela contextualização da autorização para que a família toda pudesse ficar fora do Brasil. “Cadê a autorização judicial? Quem deu?”, disse um outro executivo. – Fontes: Piauí, 2015: 

Nenhum comentário:

Postar um comentário