segunda-feira, 14 de março de 2022

Glauber, 83

Glauber Rocha (1939-1981) foi um dos responsáveis pelo movimento de vanguarda intitulado “Cinema Novo”. Produziu filmes de grande repercussão, entre eles, "Terra em Transe" e "Deus e o Diabo na Terra do Sol". Glauber Pedro de Andrade Rocha nasceu em Vitória da Conquista, Bahia, no dia 14 de março de 1939. Filho de Adamastor Bráulio Silva Rocha e de Lúcia Mendes de Andrade Rocha. Iniciou seus estudos em casa, com sua mãe. Ingressou no colégio do padre Palmeira. Mudou-se com a família para Salvador, em 1947. Estudou no Colégio 2 de Julho, instituição presbiteriana. Nessa época, participava de um grupo de teatro onde escrevia e atuava. Em 1959, ingressou na Faculdade de Direito da Bahia, hoje Universidade Federal da Bahia. Participou do movimento estudantil e de um grupo de cineastas amadores. Nessa época, Glauber conheceu o cineasta Luiz Paulino dos Santos e teve seu primeiro contato com a produção de um filme ao colaborar com o curta-metragem “Um Dia Na Rampa”. Em 1959 dirigiu seu primeiro curta-metragem o documentário O Pátio (1959) e em seguida Cruz na Praça, em 1960. Em 1961, Glauber Rocha abandonou o curso de Direito para iniciar sua breve carreira de jornalista escrevendo como crítico de cinema. Nessa época, casou-se com sua colega de faculdade, Helena Ignez. Em 1961, Glauber Rocha dirigiu seu primeiro longa-metragem, “Barravento”, produzido por Braga Netto e Rex Schindler, que foi premiado na Tchecoslováquia. Glauber Rocha tornou-se o líder de um movimento que pregava um cinema nacional autêntico, “O Cinema Novo”, voltado para uma temática social e com preocupação com a linguagem. No Rio de Janeiro o movimento foi encabeçado por Nelson Pereira dos Santos e Joaquim Pedro de Andrade, e em São Paulo por Roberto Santos.
Em 1964, Glauber foi reconhecido internacionalmente com o filme Deus e o Diabo na Terra do Sol, considerado um marco do Cinema Novo. O filme mostra, numa estética inovadora, as visões e alucinações provocadas pela situação vivida pelo povo no sertão brasileiro. O filme recebeu o prêmio do Festival de Cinema Livre, da cidade de Porretta, na Itália. Foi indicado também à Palma de Ouro, do Festival de Cannes de 1964. Além disso, foi escolhido para representar o Brasil no Oscar de Melhor Filme Internacional de 1965, porém não foi selecionado. Glauber Rocha produziu outros filmes que tiveram grande destaque, como Terra em Transe (1967), que recebeu o Prêmio Luís Buñuel no Festival de Cannes, e foi indicado à Palma de Ouro. O filme conta a vida de um jornalista que se alia a um político, num lugar imaginário, para tentar mudar a ordem político-social. Outro filme premiado foi O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro (1969), que ganhou o Prêmio de Melhor Direção no Festival de Cannes. Desde a implantação da ditadura militar em 1964 no Brasil, Glauber era visto como um subversivo. Em 1971, com a radicalização do regime, o cineasta foi considerado um dos líderes da esquerda brasileira e se exilou em Portugal. Vivendo no exterior, Glauber produziu o documentário O Leão de Sete Cabeças (1970), que foi gravado no Quênia, África, e Cabeças Cortadas (1970), produzido na Espanha, que teve sua exibição no Brasil proibida pela censura até 1979. Em 1974 produziu o documentário As Armas e o Povo, gravado nas ruas de Portugal durante a revolução de 25 de abril de 1974 que derrubou o regime fascista de Salazar. Em 1971 lançou O Rei do Milagre, gravado na praia de Tarituba, no Rio de Janeiro, quando realizou um de seus raros trabalhos como ator O último filme dirigido por Glauber foi A Idade da Terra (1980), que concorreu ao Leão de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Veneza. Em 2015, o filme entrou na lista dos Melhores Filmes Brasileiros de Todos os Tempos, pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Em agosto de 1981, Glauber Rocha foi internado em Lisboa com problemas pulmonares. Já em coma, foi transferido para o Rio de Janeiro, onde faleceu no dia 22 de agosto de 1981. A causa da morte ainda hoje é nebulosa, fala-se inclusive em Aids. O mais provável, contaminação ao passar por uma biópsia com equipamento não esterilizado. Tinha 42 anos. Ele desde adolescente dizia que morreria aos 42 anos, o inverso de 24, idade em que morreu Castro Alves. O poeta fazia aniversário no seu mesmo dia e era o seu favorito. Foi-se subitamente, levando sua mensagem exuberante.

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