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sábado, 14 de julho de 2012

Juquinha pediu ajuda a Sarney e a Valdemar da Costa Neto

José Francisco das Neves, o Juquinha, ex-diretor da Valec
Alan Marques - 18.out.07/Folhapress
José Francisco das Neves, o Juquinha, ex-diretor da Valec
FERNANDO MELLO
DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA
Na iminência da faxina promovida por Dilma Rousseff no ministério dos Transportes, o ex-presidente da Valec José Francisco das Neves, o Juquinha, buscou ajuda do deputado federal Valdemar Costa Neto, do senador Vicentinho Alves (PR-TO) e do presidente do Senado, José Sarney, chamado de "chefão" em um dos diálogos.
Segundo relatório da PF produzido na Operação Trem Pagador, a intenção de Juquinha era manter "sua influencia nessa empresa", a Valec.
Juquinha, familiares e um sócio foram presos na semana passada pela Polícia Federal sob a suspeita de comprar imóveis para lavar dinheiro supostamente desviado da estatal. Ontem ele foi solto, pois venceu o prazo dado pela Justiça para a prisão temporária.
Em diálogo gravado no dia 20 de outubro de 2011, Juquinha diz a um assessor da Valec ter recebido a informação de que não haveria mudanças no ministério pois "estão com medo de afrontar o chefão", apontado pela PF como Sarney. "O povo não quer afrontar nosso amigo", disse.
No mesmo dia, Juquinha perguntou ao seu advogado, Eli Dourado, se ele havia conversado com Sarney. Segundo o advogado, Sarney havia conversado duas vezes com o ministro. O titular da pasta, por sua vez, teria falado com o "gabinete civil, com a Presidente da República".
Em outro diálogo gravado pela polícia com autorização da Justiça, Juquinha diz ter conversado com o presidente, que segundo a PF é Valdemar Costa Neto.
Valdemar teria dito que o vice-presidente Michel Temer culpara o então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, pela crise.
"Até hoje a Dilma pensa que teve superfaturamento, que ninguém desmentiu ela; que é trabalho para a reforma resolver", teria dito Temer, segundo resumo feito pela PF do diálogo.
A PF gravou diálogos de Juquinha diretamente com Valdemar, nos quais ele pede que "o parlamentar interfira, a fim de não concretizar a mudança na diretoria da Valec".
Juquinha também pediu que aliados procurassem o senador Vicentinho Alves.
No dia 14 de outubro de 2011, Juquinha conversou com um ex-assessora da Valec, que conta ter ouvido do senador o tamanho da influência de Valdemar nos Transportes. "Se a área estiver com ele [Valdemar], aí está em casa", disse o assessor.
A PF fez constar no relatório que as autoridades com foro privilegiado não foram investigados, mas apenas citadas por terceiros ou mantiveram contatos com investigados.
Em vários diálogos, Juquinha afirma que, caso ele e seu grupo saíssem do comando do Ministério dos Transportes e da Valec, as obras nas ferrovias iriam parar. "Ninguém consegue o que nos fizemos", disse o ex-presidente da Valec.
OUTRO LADO
A assessoria de imprensa do presidente do Senado, José Sarney, disse que ele não foi procurado por interlocutores de Juquinha nem intercedeu para que o ex-presidente da Valec permanecesse no cargo.
Segundo a assessoria de Sarney, o senador não teve participação na indicação de Juquinha para a Valec e não tem controle sobre o uso do nome de Sarney por terceiros.
O senador Vicentinho Alves estava na Itália, quando Juquinha foi afastado da Valec. O senador afirmou ter sido procurado pelo aliado, mas nega qualquer interferência.
"Não intercedi, mas torci por ele. Conheço o dr. Juquinha desde quando eu era piloto do serviço aéreo de Goiás e voava com autoridades, na década de 1980. Conheço familiares dele, todos me apoiam politicamente."
A assessoria do deputado Valdemar Costa Neto disse que ele "não comenta assuntos submetidos ao exame das autoridades judiciárias ou policiais, em respeito ao trabalho de apuração em curso".
Afirmou ainda que o deputado não acompanha a evolução patrimonial dos filiados ao PR.
Sobre a movimentação política para manter Juquinha na Valec, afirmou que "o comando do PR, inclusive seus líderes no Parlamento, atuaram, publicamente, com ampla cobertura de imprensa, pela reintegração indistinta de seus quadros ao governo".
O advogado de Juquinha, Eli Dourado, disse que houve uma "espetacularização" na prisão do seu cliente, mas que ainda não teve tempo de analisar as gravações feitas pela PF.

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