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terça-feira, 26 de março de 2013

Dilma e Campos trocam recados em PE


Murillo Camarotto e Paola de Moura | Valor Econômico / De Serra Talhada (PE) e Petrópolis (RJ)

Roberto Stuckert Filho/Presidência da República / Roberto Stuckert Filho/Presidência da República
Dilma com Campos e Bezerra: "Uma força política, sozinha, não é capaz de dirigir um país com essa complexidade. Precisamos de parceiros comprometidos"
Foi com recados e bilhões de reais que a presidente Dilma Rousseff marcou ontem sua esperada passagem por Pernambuco, Estado governado por um de seus prováveis adversários nas eleições do ano que vem, o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos. Disposta a mostrar força dentro do território rival, Dilma reiterou o papel do governo federal no avanço da economia pernambucana, anunciou R$ 2,4 bilhões em novos investimentos no Estado e cobrou lealdade.
Ao falar sobre a importância da coalizão política que hoje governa o país, Dilma pediu comprometimento por parte dos aliados. "Uma força política, sozinha, não é capaz de dirigir um país com essa complexidade. Precisamos de parceiros e que esses parceiros sejam comprometidos com esse caminho", disse a presidente, em claro recado ao governador de Pernambuco, que tem se movimentado intensamente na montagem de uma candidatura competitiva ao Palácio do Planalto.
Eduardo Campos, que está irritado com "desrespeito" de setores do PT à sua postulação, também passou alguns recibos. Disse à presidente que o PSB e seu conjunto político não tem faltado no apoio ao governo federal, e que Pernambuco teve papel importante na eleição de Dilma, em 2010. "Esse Estado lhe recebeu e lhe ajudou a ser presidenta da República", disse o governador.
Aliado do PT na esfera federal e do PSDB em vários Estados, o pernambucano teve o cuidado de mencionar o legado de tucanos e petistas. "Construímos fundamentos macroeconômicos importantes para um país da dimensão do Brasil e dos desafios sociais que temos; e nos últimos dez anos, sob Lula, vimos essas condições levarem o governo aonde o governo não chegava antes", afirmou.
O encontro de Dilma e Eduardo Campos movimentou a cidade de Serra Talhada, que fica no sertão de Pernambuco, a 420 km do Recife. Desde a semana passada, líderes locais de PT e PSB trabalhavam para evitar que a presidente ofuscasse o governador ou vice-versa. Uma guerra de faixas de agradecimento aos dois tomou conta do percurso que levava ao local do evento, onde foi anunciada a entrega de um trecho da Adutora do Pajeú, obra hídrica incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Dilma aproveitou a ocasião para apresentar um pacote de bondades diante dos olhos de Eduardo Campos. A presidente anunciou R$ 2,45 bilhões em novos investimentos em Pernambuco, alguns deles em setores caros ao governador, como o Porto de Suape (R$ 279 milhões). Dilma também anunciou R$ 1,65 bilhão em rodovias, sendo R$ 1,2 bilhão no Arco Metropolitano do Recife e R$ 450 milhões na duplicação de um trecho da BR-423, notícia antecipada na sexta-feira pelo Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor.
Ao lado do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB), a presidente anunciou ainda a construção de um novo ramal da ferrovia Transnordestina, ligando os municípios de Parnamirim e Petrolina, ambos em Pernambuco. O ministro, que foi indicado por Eduardo Campos, mas quer se manter na Esplanada dos Ministérios, também fez sua parte: "Presidenta, Eduardo Campos é o melhor governador do Brasil", disse Bezerra.
Ao falar dos investimentos, Dilma ressaltou a parceria com Campos, mas fez questão de frisar o papel do governo federal no avanço da economia pernambucana nos últimos anos. "Pernambuco é um novo Pernambuco, e sem dúvida que o governador tem um grande papel nisso e o governo federal, também. Conseguimos que a economia crescesse e que a indústria aqui aumentasse sua presença", disse a presidente. "Se você juntar os investimentos federais e aqueles feitos por nossas estatais, nós chegamos a um volume extraordinário, de R$ 60 bilhões", completou Dilma.
O cancelamento da agenda que a presidente teria na tarde de ontem, no Recife, ampliou o mal estar com Campos. No palanque, contudo, os dois foram diplomáticos. Dilma chamou o governador de "grande companheiro" e até convocou um grito de "viva Pernambuco!". Em retribuição, ouviu de Campos que "a fraternidade há de ser preservada". Antes da solenidade, quando questionado sobre a atmosfera que iria emanar do palanque, uma pessoa próxima ao governador confirmou que haveria troca de gentilezas. "Da boca pra fora", esclareceu.
No início da noite, a presidente Dilma participou de uma missa em homenagem às 33 vítimas das chuvas em Petrópolis, na catedral da cidade, na região serrana do Rio de Janeiro. Com atraso de 1h30, a presidente chegou acompanhada do governador Sérgio Cabral e do vice-governador, Luiz Fernando Pezão.
O ministro Fernando Bezerra anunciou que deve liberar amanhã R$ 12 milhões para obras emergenciais em Petrópolis. O prefeito Rubens Bontempo (PSB) vai a Brasília negociar com o governo federal uma verba de cerca de R$ 100 milhões para a reconstrução da cidade.
Ao fim da cerimônia, a presidente Dilma Rousseff atendeu a alguns moradores da cidade e também viu protestos dentro da catedral da cidade. Alguns familiares das vítimas mostraram cartazes de protesto para a presidente durante a comunhão.
Nos cartazes havia dizeres como "Trinta e dois anos de omissão, esquecendo a nossa dor". A presidente levantou-se e se aproximou dos manifestantes, lendo atentamente os cartazes.

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