Armando Avena*
Participei de uma mesa com o economista Eduardo Giannetti da Fonseca (foto) em seminário realizado pelo Instituto Pensar (PSB Bahia) e pela Fundação João Mangabeira, cujo objetivo era traçar um painel da economia brasileira e baiana. Coube-me discutir a economia baiana e ao nosso Giannetti a conjuntura nacional e sua fala foi preocupante. Segundo ele, as fragilidades da economia brasileira abordam, entre outros, três aspectos: baixo crescimento crônico, pressão inflacionária, e um forte déficit em conta corrente.
O economista demonstrou que o crescimento médio do PIB na era Dilma, da ordem de 2%, é um dos menores da história republicana do Brasil, igualando-se aos piores momentos, como os do governo Collor, e que a taxa de investimento permanece em 18% do PIB, quando na China é da ordem de 40% e na Índia 28% e no Chile 25%. E lembrou que o déficit nas contas externas em 2013 foi um recorde histórico, atingindo US$ 81,3 bilhões. Confrontado com fato de que apesar do baixo crescimento a economia tem mantido o nível de emprego, Gianneti disse que isso se deve a redução da taxa de fecundidade e ao chamado desemprego por desalento, ou seja, as estatísticas não estariam medindo o desempregado que já não procura emprego, seja por que já não espera encontrar, ou porque vive da renda do governo, via bolsa família, previdência e outros benefícios.
O economista paulista disse também algo que todo mundo sabe, mas ninguém tem coragem de dizer. Que a celebrada constituição de 1988 aumentou de tal maneira os benefícios sociais e os encargos do Estado que a carga tributária que era de cerca de 25% do PIB cresceu de forma contínua e hoje é da ordem de 36% e que esse percentual chega a 40% por conta de mecanismos vários. Isso significa que de cada real gasto ou investido no país cerca de 40% termina nos cofres do Estado. A carga tributária brasileira é maior do que a de muitos países desenvolvidos e de países latino-americanos como Chile e Argentina.
Sob o ponto de vista político, Giannetti disse que a base do governo se sustenta em uma aliança entre o grande empresariado e a população mais pobre do país. e que isso se consubstancia na prática, com o bolsa BNDES e o bolsa família.
No bolsa BNDES o governo coloca recursos que toma emprestado do mercado a taxa Selic e coloca no BNDES, que por sua vez empresta aos grandes empresários com uma taxa bem mais baixa, a TJLP, o que representa um enorme subsidio financeiro ao grande capital. Segundo ele o montante que o governo vem gastando com a bolsa BNDES é maior do que o que gasta com o bolsa família, que representaria uma espécie de emprego pelo qual cerca de 40 milhões de brasileiros recebem mensalmente um contracheque do governo. A análise de Giannetti merece discussão e há quem discorde delas, mas, não há dúvida, que aponta alguns dos motivos que levam o Brasil a ser considerado um dos cinco frágeis da economia mundial.
*Economista, foi Secretário de Planejamento do Governo da Bahia(2002/2006) Escritor, é membro da Academia Baiana de Letras
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