Apesar de ter reconhecido
recentemente que suas previsões relacionadas ao atual processo de mudanças
climáticas e aquecimento global estavam superestimadas, as ideias desenvolvidas
pelo cientista e ambientalista britânico, Sir. James Lovelock permanecem
válidas e bastante atuais.
Formulador da “Hipótese de
Gaia”, que considera o nosso planeta um organismo vivo e auto regulável, talvez
uma singularidade no Universo, Lovelock, propõe uma nova visão sobre a Terra.
Considera que a interação entre os minerais, os vegetais e os animais ao longo
dos últimos bilhões de anos, possibilitou o surgimento de GAIA, que se auto
regula e protege.
Adverte-nos ainda sobre o
impacto ambiental que estamos a infligir sobre o planeta, que se acelerou
tremendamente com o advento da revolução industrial iniciada no século XIX.
Segundo Lovelock, ou mudamos nossos padrões de produção e consumo e a taxa de
crescimento populacional ou assistiremos, ainda neste século, à morte de
bilhões de pessoas, resultado das mudanças climáticas e da elevação do nível
dos oceanos, que transformarão por completo as condições de vida na Terra.
Somente poucos países conseguirão sustentar grandes populações, Canadá, Rússia,
parte dos Estados Unidos e Argentina e, algumas ilhas, como Nova Zelândia e
Inglaterra, que sofrerão ameaças de invasão por bilhões de imigrantes aflitos
por comida e água.
Para evitar este processo em
curso, uma das medidas apontadas por Lovelock é a utilização intensiva da
energia nuclear e medidas de controle da natalidade.
Contrariando a maioria de
seus colegas ambientalistas, Lovelock argumenta que a energia atômica é a única
tecnologia atualmente disponível capaz de substituir rapidamente o atual modelo
baseado na queima de combustíveis fósseis. Adverte para os sérios impactos
ambientais da geração eólica e dos enormes subsídios requeridos pela energia
solar. Coloca a França como país modelo, com mais de 77% de geração nuclear,
sem que nunca tenha ocorrido acidentes nas suas usinas atômicas.
Na sua original “hipótese”,
Lovelock nos adverte: Gaia é um planeta singular, mas, plural. Até agora,
estamos sozinhos no Universo, somos uma singularidade, contudo, milhões de
espécies já habitaram o planeta e, certamente, o "Hommo Sapiens” não será
a última etapa da sua evolução enquanto organismo vivo e complexo.
O tempo em que ainda
permaneceremos integrando este organismo maior, Gaia, dependerá das medidas que
a raça humana adotará ainda neste século. Mesmo revendo suas previsões
catastróficas sobre a elevação dos níveis dos oceanos e da temperatura média no
planeta, Lovelock continua certo que as mudanças climáticas continuarão no seu
processo e fixa que ainda neste século XXI, entraremos num ponto sem retorno,
caso medidas extremas não sejam adotadas imediatamente.
Será que seremos capazes de
compreender a dimensão do desafio que se apresenta? O ceticismo vigora, pois a
condução do processo pela Organização das Nações Unidas com a realização de
diversos painéis, não apresentou grandes avanços. Conflitos de interesses entre
as principais nações industrializadas tem resultado na protelação de medidas
mais radicais. “Eco Céticos” continuam duvidando da veracidade dos dados
científicos apresentados por pesquisadores sérios, como o próprio James
Lovelock e, vem ganhando novos adeptos com a recente diminuição do aquecimento
global e os invernos mais rigorosos dos últimos anos. Fenômenos climáticos como
as furações Katrina e Sandy, provocando prejuízos estimados em US 100 bilhões,
servem de alerta para o impacto provocado pelo aquecimento dos oceanos.
A preocupação maior de
Lovelock recai sobre a nossa espécie, pois, acredita na capacidade de Gaia em
se auto regular e defender. Considerando que a vida de GAIA estará condicionada
ao tempo que ainda resta para a nossa estrela, o Sol, cerca de quatro bilhões
de anos, quantas novas espécies serão capazes de desenvolver inteligência e
linguagem caso a raça humana seja extinta nos próximos séculos?
*Osvaldo Campos Magalhães é
Engenheiro e Mestre em Administração. Membro do Conselho de Infraestrutura da
FIEB e do Instituto Pensar
Nenhum comentário:
Postar um comentário