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quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Otimistas, grupos franceses tem estratégias de longo prazo no país


Daniela Fernandes | Para o Valor, de Paris
Apesar do agravamento da crise econômica no Brasil, grandes multinacionais francesas garantem que isso não altera sua visão em relação às potencialidades de seus negócios no país e destacam que suas estratégias são de longo prazo. Algumas, no entanto, ressaltam que a conjuntura é difícil e informam ter cautela na situação atual.

O Brasil é o segundo maior mercado mundial da Renault, após a França. Para Olivier Murguet, diretor de operações da região Américas do grupo, a crise brasileira tem um impacto importante no mercado automotivo no curto prazo. Segundo ele, há potencial de crescimento em longo prazo porque no Brasil boa parte da população ainda não tem carro: a média é de 5,1 habitantes por veículo no país, enquanto na França ou no Japão o índice é de 1,7 e, nos Estados Unidos, de 1,3.

Segundo Murguet, o grupo tem uma estratégia dinâmica e está em fase de desenvolvimento no Brasil, com lançamentos que ampliarão a oferta, como a picape Duster Oroch, a ser vendida a partir de novembro. Fabricada no Paraná, ela será exportada para vários países da América Latina.

"Continuamos acreditando no Brasil e investimos para nos desenvolver ainda mais nos próximos anos", diz Murguet. Ao mesmo tempo, o grupo tenta aumentar sua produtividade no país para limitar os impactos da situação econômica, acrescenta o diretor. Carlos Ghosn, presidente mundial da Renault-Nissan, declarou recentemente ao "Journal du Dimanche" "não ter dúvidas" em relação à retomada da economia brasileira.

O Brasil também é o segundo maior mercado mundial do Carrefour. Para Georges Plassat, CEO do grupo, a crise no Brasil "é mais de natureza política".

"Não vejo em quê a crise no Brasil seria um indício muito mais desfavorável do que pudemos constatar na Europa", diz Plassat. Apesar do contexto econômico brasileiro, a expansão do grupo se mantém com lojas multiformatos: 13 novas unidades de bairro no país e um hipermercado no Espírito Santo foram inaugurados neste ano.

Antoine Giscard d'Estaing, diretor financeiro do Casino, controlador do Grupo Pão do Açúcar, diz que "faz parte da vida" das empresas que atuam em mercados emergentes ter períodos de forte crescimento e depois de desaceleração das vendas. O Brasil representa cerca de 40% da receita do grupo francês.

O país continua sendo um ótimo mercado para o varejo de alimentos, diz o diretor do Casino, ressaltando que é necessário apenas se adaptar à situação atual. Segundo Giscard d'Estaing, se o grupo continuar investindo de forma seletiva (na renovação de unidades e nos tipos de lojas mais dinâmicos, como o segmento de "atacarejo") "poderá sair fortalecido" do período de instabilidade.

Já no setor de eletroeletrônicos (Via Varejo) é preciso rever a estratégia do grupo em razão da queda de mais de 22% das vendas, diz o executivo. "É preciso reduzir custos e estoques e se adaptar à situação econômica", afirma.

A L'Oréal se mostra bem mais prudente do que outros grandes grupos franceses em relação à crise no Brasil. "Estamos bastante cautelosos em relação ao mercado brasileiro no restante do ano porque ainda não sabemos o que vai acontecer", diz Jean-Paul Agon, CEO da líder mundial de cosméticos. No primeiro semestre, as vendas do grupo desaceleraram no país, o que para o presidente foi "a má surpresa do ano". Em razão disso, as vendas na América Latina tiveram crescimento de apenas 1,5%, abaixo até mesmo da Europa.

Agon afirma que a L'Oréal continua observando a situação e irá reforçar tudo o que for possível, mas o mercado, segundo ele, "parece estar em dificuldades". O CEO considera que a crise é estrutural e, por isso, deve durar.

A recessão no Brasil também preocupa o grupo AccorHotels. A receita no país sofreu queda de 12,7% no terceiro trimestre na comparação com igual período de 2014. A retração foi considerada um "fato marcante" do terceiro trimestre. Sébastien Bazin, CEO da AccorHotels, afirma que houve uma "deterioração rápida no Brasil, ligada a uma conjuntura econômica difícil". O resultado foi agravado pela desvalorização do real e o país permanece um mercado onde há "grande vigilância", informa o grupo.

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