Armando Avena*
O Brasil teve o melhor natal dos últimos anos e a explicação são os fundamentos da economia, principalmente sob o ponto de vista produtivo. O Natal foi bom na Bahia e no Brasil porque a taxa de desemprego está em 6,4%, um dos patamares mais baixos da história e porque mais trabalhadores receberam o 13º salário.
Isso significa mais renda para as famílias e esse montante, aliado a transferência de renda pelos programas sociais, aumentou a capacidade de compra da população. A Fecomercio/SP, por exemplo, estimou um crescimento de 9% nas vendas do varejo em relação ao Natal do ano passado. Já a Fecomércio/Ba projeta um crescimento de 13% nas vendas do varejo baiano em relação ao Natal de 2023. Esta expansão do varejo baiano representa um faturamento estimado de R$ 22 bilhões em dezembro, o melhor desempenho desde 2015.
A Associação Brasileira de Shoppings Centers projeta um crescimento das vendas nos shoppings em 7%, mas as projeções da Fecomércio para a Bahia são maiores e, a julgar pelo movimento de clientes nos shoppings de Salvador, as vendas vão superar em muito as projeções nacionais.
O destaque nas vendas foi, sem dúvida, o setor de Supermercados, com crescimento previsto de 17%, correspondendo a R$ 9 bilhões, ou 41% do total das vendas do varejo no estado, mas os demais setores também apresentaram bom desempenho. Esses números são projeções e precisam ser confirmados, mas não há dúvida de que, sob o ponto de vista do comércio, esse foi o melhor Natal dos últimos 10 anos.
O mesmo parece ter acontecido no setor de serviços. No setor de turismo, a taxa média de ocupação dos hotéis em Salvador foi de 78%, um desempenho excepcional e que deverá superar os 80% de ocupação em dezembro. Já a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – Abrasel estima um crescimento de até 20% no faturamento em dezembro. Mas na Bahia as estimativas são maiores e a Abrasel-Bahia estima um incremento de até 70% nas vendas durante a alta estação.
Se a economia está tão aquecida, porque então os economistas do mercado financeiro estão a reclamar todos os dias afirmando que o país está com problemas. A resposta é simples: eles estão falando do futuro e não do presente. A inflação de 2024 será de 4,8%, um pouco maior que a meta, e essa inflação pequena não inibe o consumo.
Os economistas do mercado financeiro baseiam todas as suas projeções no comportamento futuro da inflação, da dívida e do déficit nas contas públicas, afirmando que esses indicadores estão se deteriorando. Mas não se sabe se esse futuro virá ou se o governo seguirá remendando a política gradualmente, de modo a não gerar recessão, nem grandes sacrifícios à população. No próximo ano volto a esse assunto, por enquanto vale dizer que este ano a economia vai bem e esse Natal de compras em alta foi a prova disso.
*Economista e Escritor foi Secretário de Planejamento do Governo da Bahia. Membro da Academia Baiana de Letras.
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