Ricardo Alexandre Oliveira, M.Sc.
Osvaldo Soliano Pereira, Ph.D. (foto)
Introdução
Este artigo apresenta de maneira sucinta a problemática envolvendo o principal desafio ambiental que a humanidade enfrenta na atualidade: o aquecimento global ocasionado pela crescente emissão dos gases de efeito estufa desde o início da Revolução Industrial, por volta de 1850. Sugere algumas ações passíveis de serem tomadas de imediato e no médio prazo para promover a mitigação do problema, ou seja, como reduzir o ritmo das emissões dos gases que estão contribuindo para o aquecimento global. Finalmente mostra os principais impactos que podem afetar as populações, analisando quem está mais vulnerável, as áreas que serão mais afetadas e quais as principais medidas de adaptação que podem ser adotadas, sobretudo localmente. Como este artigo se propõe a subsidiar as discussões da Conferência Municipal de Meio Ambiente, serão levantadas questões de mitigação e adaptação num nível mais local que nacional ou global. Os principais pontos levantados aqui fazem parte dos recentes relatórios lançados, em 2007, pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima - IPCC.
Entendendo o problema
O sol sempre foi a fonte primordial de energia para a Terra. Há milhões de anos quando o planeta era muito quente e havia uma alta concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, iniciou-se um processo em que a energia solar foi sendo transformada maciçamente em energia química (combustíveis fósseis: petróleo, carvão, gás natural) retirando muito CO2 da atmosfera, que ficou rica em oxigênio. Este processo tornou a temperatura da superfície do planeta mais baixa ao resfriar a atmosfera, propiciando o desenvolvimento da vida como conhecemos hoje. Entretanto, ainda permaneceu um volume de CO2 na atmosfera, que junto com o vapor d’água que evapora permanentemente fazem uma camada na atmosfera de gases chamados de efeito estufa. Outros gases de efeito estufa, encontrados em menor quantidade na atmosfera são: o metano, ou gás de pântanos, e os óxidos nitrosos, que são liberados quando se aplica fertilizantes no solo. Este ambiente segundo estimativas recentes, baseadas nas análises dos núcleos de geleiras eternas, permitiu que os níveis de concentração de CO2 se mantiveram abaixo de 300 partes por milhão (ppm) pelos últimos trinta milhões de anos. Mas, nos últimos trinta anos, esta concentração vem aumentando e também a temperatura na superfície da Terra.
Na verdade, o efeito estufa é benéfico, pois permite que a temperatura na superfície do planeta não fique muito baixa. Se não fosse ele a temperatura seria pelo menos 15°C mais baixa e teríamos que viver possivelmente como os esquimós que habitam no Pólo Norte. O efeito estufa funciona como na Figura 1, apresentada abaixo. A radiação solar incide sobre a Terra, uma parte é refletida pela atmosfera, uma parte absorvida e faz evaporar a água, produzindo o principal gás de efeito estufa – o vapor d’água. Porém uma parte da energia que o planeta recebe é irradiada de volta, sob a forma de calor, e é neste momento que funcionam os gases de efeito estufa, retendo uma parte deste calor irradiante, fazendo aquecer mais a superfície da terra. Assim, quanto mais gás de efeito estufa houver na atmosfera, tanto maior será o nível de aquecimento na superfície do planeta.
A situação é similar a um carro fechado sob de um sol inclemente. Com o tempo, a temperatura dentro do carro fica bem mais alta do que a de fora. Isso acontece por que os vidros impedem que parte do calor saia do carro. Se os vidros forem mais grossos mais calor será aprisionado. Os gases de efeito estufa agem como esses vidros, prendendo uma quantidade de calor que deveria sair do planeta Terra.
Está comprovado cientificamente que a temperatura na superfície do planeta vem subindo significativamente nas últimas décadas, devido ao aumento da emissão dos gases de efeito estufa emitidos pelas atividades antrópicas, ou seja, do homem. E, como dito anteriormente, o nível de gases de efeito estufa vem aumentando dramaticamente: desde 1750: o nível de concentração do CO2 saltou de 280 ppm para 379 ppm, em 2005, representando a maior concentração dos últimos 650.000 anos. Igualmente, a concentração de metano (CH4) saltou de 715 partes por bilhão (ppb), em 1750, para 1732 ppb, nos dias atuais, resultando num aumento de 142%. Finalmente, a concentração de óxido nitroso (N2O) subiu de 270 ppb para 319 ppb, no mesmo período. O mesmo estudo mostra que suas respectivas concentrações estavam estáveis pelos 10.000 anos anteriores.
O resultado deste aumento de concentração é que:
• a temperatura da superfície aumentou desde 1850 em 0.76º C, 0.6 º C entre 1901-2000 e 0.74°C entre 1906-2005;
• a cobertura de neve no Ártico reduziu desde 1978, num ritmo de 2,7%/década e 7,4%/década durante o verão;
• o nível do mar aumentou 0,17 m no século XX;
• 11 dos últimos 12 anos (1995-2006) estão entre os 12 anos mais quentes desde 1850, sendo que 2005 foi o ano mais quente desde que há registros e provavelmente o mais quente em 1.000 anos, já 2002 foi o segundo mais quente;
• Os últimos 50 anos parecem ter sido os mais quentes dos últimos 6.000 anos, baseado em dados de núcleos de gelo;
• além de aumento das chuvas em algumas regiões e redução em outras.
• a temperatura da superfície aumentou desde 1850 em 0.76º C, 0.6 º C entre 1901-2000 e 0.74°C entre 1906-2005;
• a cobertura de neve no Ártico reduziu desde 1978, num ritmo de 2,7%/década e 7,4%/década durante o verão;
• o nível do mar aumentou 0,17 m no século XX;
• 11 dos últimos 12 anos (1995-2006) estão entre os 12 anos mais quentes desde 1850, sendo que 2005 foi o ano mais quente desde que há registros e provavelmente o mais quente em 1.000 anos, já 2002 foi o segundo mais quente;
• Os últimos 50 anos parecem ter sido os mais quentes dos últimos 6.000 anos, baseado em dados de núcleos de gelo;
• além de aumento das chuvas em algumas regiões e redução em outras.
Causas e as conseqüências
Embora o clima tenha sempre variado de modo natural nestes quase dois séculos, torna-se evidente que a velocidade e a intensidade observadas no aumento da temperatura nesse período são incompatíveis com o tempo necessário à adaptação natural da biodiversidade e dos ecossistemas.
Os gases de efeito estufa são emitidos em razão das atividades do homem e decorrem principalmente da queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural) em usinas termoelétricas, indústrias, veículos em circulação e sistemas domésticos de aquecimento, além de atividades agro-pecuárias, desmatamento, lixões e aterros sanitários.
Segundo dados do IPCC, três quartos (¾) das emissões, nos últimos 20 anos, são oriundas da queima de combustíveis fósseis. De 1970 a 2004, as emissões do setor de energia subiram 145%, do setor de transportes 120%, da indústria 65% e no setor de desmatamento na faixa de 40%.
No setor energético as principais fontes são: CO2, na produção e uso de energia, e metano (CH4), na produção e manuseio de carvão, na produção de petróleo e gás natural, e na queima da biomassa, sendo que nesta são emitidos ainda outros gases. Na indústria os principais segmentos emissores são: cimento (CO2), alumínio (CF4 e C2F6), química (N2O), siderurgia (CO2) e elétrico/eletrônica (SF6).
Já na agropecuária, o principal gás de efeito estufa é o metano (CH4), emitido através dos animais e seu esterco, do arroz irrigado, da queima do cerrado, da queima de resíduos agrícolas, além do N2O, na utilização de fertilizantes. No que diz respeito ao uso da terra e florestas o CO2 é emitido nas mudanças de estoque de florestas plantadas, conversão de florestas e campos para a agricultura e no abandono de terras cultivadas; enquanto o metano é liberado na queimada de florestas e pelas hidrelétricas. Finalmente, uma outra fonte importante de metano são os diversos tipos de resíduos tais como o lixo urbano, os esgotos comerciais, residenciais e industriais.
Convém ressaltar que os níveis atuais de concentrações de gases de efeito estufa resultam de emissões acumuladas durante 150 anos em média e que os impactos das emissões presentes serão sentidos várias décadas à frente, em termos de aumento da temperatura média da superfície e elevação do nível do mar.
As conseqüências previsíveis são de que a temperatura da superfície da terra varie entre 1,8 a 4ºC entre 1990 e 2100, com um aumento de 0.2ºC por década nas próximas duas décadas. No que diz respeito ao nível dos mares, a previsão é de um aumento entre 0,18m a 0,59m. Ademais, estão previstos que eventos extremos, tais como tufões, furacões, trombas d’água, enchentes, tempestades, secas, dentre outros, se aguçarão.
O tema do aquecimento global se tornou uma preocupação internacional, levando à criação, em 1988, de um painel de especialistas envolvendo cientistas do clima e áreas correlatas, além de representantes de governos de todo o mundo. Este comitê recebeu o nome de Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que desenvolve estudos atualizados e publicados, em média, a cada cinco anos. Em 1992, a ONU aprovou, no Rio de Janeiro, a Convenção sobre Mudanças Climáticas Globais, que entrou em vigor em 1994, depois de ratificada pelos parlamentos de todos os países signatários. O instrumento de implementação da Convenção, que estabelece metas e prazos para redução das emissões de gases do efeito estufa é o Protocolo de Kyoto, proposto em 1997, mas que só entrou em vigor em 2005, demonstrando como são lentas e complexas as negociações envolvendo todos os países. A principal meta do Protocolo é a redução média de 5,2% das emissões de gases de efeito estufa dos países desenvolvidos, em relação ao que eles emitiam em 1990, a ser atingida no período 2008-2012. Entretanto, países importantes como os Estados Unidos e Austrália não se comprometeram com estas metas, por não terem assinado o Protocolo.
Os países em desenvolvimento não têm metas definidas, apenas recomendações de reduzir suas emissões, e podem contribuir com o esforço dos países desenvolvidos, contabilizando suas reduções como créditos que podem ser negociados com os países desenvolvidos. Este expediente, chamado de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo permite que países como o Brasil recebam recursos dos países desenvolvidos para implementar projetos que reduzem as emissões de gases de efeito estufa, mediante o aumento da eficiência energética, o uso de energias limpas (como a solar, eólica - dos ventos, de resíduos agrícolas, dentre outras), o uso de álcool e biodiesel, além de projetos de reflorestamentos, aterros sanitários, biodigestores em propriedades rurais, dentre outras ações.
O Brasil tem contribuído para o aquecimento global de forma significativa, sobretudo com o desmatamento das nossas florestas, já que 75% das emissões de CO2 do País são oriundas destas queimadas. Dizendo de outra forma, o Brasil emite três vezes mais CO2, queimando florestas que gerando energia elétrica ou movendo toda sua frota de transportes.
Mitigação: Ações Preventivas
Uma ampla variedade de políticas e instrumentos estão disponíveis aos governos para criar incentivos para ações de mitigação. A aplicabilidade deles depende de circunstâncias de cada país, região e até município, e da compreensão das interações entre eles. Critérios importantes na tomada de decisão são: efetividade ambiental, efetividade de custo, efeitos de distribuição e viabilidade institucional.
Um desenvolvimento mais sustentável, através de modelos alternativos de desenvolvimento pode resultar numa maior contribuição para mitigação da mudança climática, mas sua implementação pode requerer recursos para superar múltiplas barreiras. Há uma compreensão crescente da possibilidade de se aplicar ações de mitigação em vários setores, sinergicamente, evitando conflitos com outras dimensões de desenvolvimento sustentável. As circunstâncias nacionais e a força das instituições determinam como políticas de desenvolvimento impactam emissões de gases de efeito estufa.
Políticas de mitigação das mudanças climáticas e outras políticas de desenvolvimento sustentável são freqüentes, mas nem sempre sinérgicas. Há evidência crescente que decisões sobre política macroeconômica, política agrícola, conservação de florestas reforma do setor elétrico, segurança energética, desenvolvimento industrial e de novas infra-estruturas podem alterar significativamente as emissões, positiva ou negativamente, se forem tomadas de forma apartada da política climática.
Dentre as principais ações de mitigação pode-se listar:
• Substituição do uso de energias mais sujas (petróleo, carvão) por energias mais limpas (solar, eólica, pequenas hidrelétricas, biogás), a cogeração e até a migração do uso de óleo combustível e óleo diesel para o gás natural.
• Eficiência energética e economia de energia: aparelhos mais eficientes, lâmpadas fluorescentes ao invés de incandescentes, reciclagem de materiais, etc.
• Utilização de transporte coletivo e bicicleta. Uso de combustíveis de transição, como o álcool e o biodiesel.
• Ações municipais no sentido de sistemas eficientes de drenagem urbana, coleta e tratamento de esgotos, construção de aterros sanitários e a utilização do biogás gerado nestes aterros e nas estações de tratamento de esgotos para a geração de energia elétrica.
• Habitações ambientalmente corretas, que aproveitam água da chuva, usam a energia do sol para iluminação e aquecimento, e têm climatização natural.
• Iniciativas e ações contra a destruição de florestas.
• Recuperação das áreas verdes das cidades, da mata ciliar dos rios e nascentes, com espécies nativas.
• Aflorestamento (plantio onde não havia), reflorestamento (recuperar áreas degradadas) e áreas de preservação.
• Substituição do uso de energias mais sujas (petróleo, carvão) por energias mais limpas (solar, eólica, pequenas hidrelétricas, biogás), a cogeração e até a migração do uso de óleo combustível e óleo diesel para o gás natural.
• Eficiência energética e economia de energia: aparelhos mais eficientes, lâmpadas fluorescentes ao invés de incandescentes, reciclagem de materiais, etc.
• Utilização de transporte coletivo e bicicleta. Uso de combustíveis de transição, como o álcool e o biodiesel.
• Ações municipais no sentido de sistemas eficientes de drenagem urbana, coleta e tratamento de esgotos, construção de aterros sanitários e a utilização do biogás gerado nestes aterros e nas estações de tratamento de esgotos para a geração de energia elétrica.
• Habitações ambientalmente corretas, que aproveitam água da chuva, usam a energia do sol para iluminação e aquecimento, e têm climatização natural.
• Iniciativas e ações contra a destruição de florestas.
• Recuperação das áreas verdes das cidades, da mata ciliar dos rios e nascentes, com espécies nativas.
• Aflorestamento (plantio onde não havia), reflorestamento (recuperar áreas degradadas) e áreas de preservação.
Um exemplo concreto que pode ser tomado a nível municipal é a implementação de um programa que objetive: aumentar a eficiência energética e o uso de energia gerada por fontes renováveis sustentáveis e descentralizadas;e reduzir as emissões de carbono e as emissões de poluentes locais geradas pelas edificações urbanas e a dependência das cidades de fontes de energia externas. Um programa com tal escopo resulta em iniciativas municipais pró-ativas na direção do aumento do número de sistemas mais energeticamente limpos instalados nas edificações urbanas, incluindo sistemas fotovoltaicos (de geração direta de eletricidade), aquecedores solares de água e ambiente, aproveitamentos passivos da energia solar, energia eólica etc. No caso de uma cidade como Salvador, tal iniciativa deve, num primeiro momento, promover antes de tudo o uso de aquecedores solares de água, já que, no contexto brasileiro, esta forma de aproveitamento da energia solar resulta em benefícios sócio-ambientais e pode ser implantada imediatamente. Igualmente, pode-se, de início, implementar um programa de eficientização energética em todos os prédios públicos e na iluminação pública.
Uma outra ação que pode ser implementada a nível municipal é oferta de transportes públicos de qualidade, e sistemas que permitam transportar maiores volumes de pessoas, como é o caso do metrô. Na mesma direção vai a construção de ciclovias, não apenas para o lazer, mas sobretudo para facilitar o deslocamento no dia a dia da população.
Ainda a nível municipal, podem ser implementadas ou incentivadas ações de construção de aterros sanitários e coleta seletiva com a subseqüente recuperação de metano de aterro de lixo; incineração de desperdício para recuperação de energia; compostagem do resíduo orgânico; controle e tratamento de água desperdiçada e maximização da reciclagem.
Finalmente, o município pode contribuir para reduzir a concentração de CO2 na atmosfera, tornando a cidade mais verde com ações de reflorestamento, de redução do desmatamento e de conservação e ampliação das áreas verdes e parques municipais.
Impactos, Vulnerabilidades e Medidas de Adaptação: Ações Corretivas
Alguns impactos do aquecimento global já são inevitáveis e compete aos governos de todos os países e em todos os níveis começar a se prevenir contra eles. Dois conceitos importantes que surgem nesta direção são os conceitos de vulnerabilidade e de adaptação.
Vulnerabilidade é o grau ao qual um sistema está susceptível a ou incapaz de lidar com efeitos adversos da alteração climática, incluindo variabilidade e extremos. Adaptação é a habilidade de um sistema de se ajustar à alteração climática (incluindo a variabilidade e extremos climáticos), de moderar danos potenciais, de tirar proveito de oportunidades ou de lidar com as conseqüências.
O último relatório do IPCC sobre o tema identifica seis grandes áreas vulneráveis às mudanças climáticas e passíveis de ações adaptativas:
• Recursos hídricos: a disponibilidade de água vai ser alterada, em algumas regiões pode haver escassez, em outras, possibilidade de cheias, tempestades, etc.;
• Ecossistemas: alguns deles poderão ser extremamente afetados com possibilidade de perda de biodiversidade e até desaparecimento, aumento da descoloração dos corais, com possibilidade de mortalidade de corais espalhada, mudanças nos ecossistemas devido ao enfraquecimento da circulação meridional de retorno, antecipação da migração dos peixes nos rios e de eventos que ocorrem na primavera, etc.;
• Alimentos, fibras e produtos florestais: a produtividade de produtos agrícolas e florestais será afetada, tornando inviável a produção de alguns produtos em certas áreas;
• Sistemas costeiros: com a elevação do nível dos mares praias e mangues serão diretamente afetados;
• Saúde: algumas doenças infecciosas se disseminarão mais facilmente com a elevação da temperatura média do planeta;
• Indústria, comunidades e sociedade: por todos os impactos previstos acima, é óbvio que as atividades humanas serão diretamente impactadas, quer positiva ou negativamente.
• Recursos hídricos: a disponibilidade de água vai ser alterada, em algumas regiões pode haver escassez, em outras, possibilidade de cheias, tempestades, etc.;
• Ecossistemas: alguns deles poderão ser extremamente afetados com possibilidade de perda de biodiversidade e até desaparecimento, aumento da descoloração dos corais, com possibilidade de mortalidade de corais espalhada, mudanças nos ecossistemas devido ao enfraquecimento da circulação meridional de retorno, antecipação da migração dos peixes nos rios e de eventos que ocorrem na primavera, etc.;
• Alimentos, fibras e produtos florestais: a produtividade de produtos agrícolas e florestais será afetada, tornando inviável a produção de alguns produtos em certas áreas;
• Sistemas costeiros: com a elevação do nível dos mares praias e mangues serão diretamente afetados;
• Saúde: algumas doenças infecciosas se disseminarão mais facilmente com a elevação da temperatura média do planeta;
• Indústria, comunidades e sociedade: por todos os impactos previstos acima, é óbvio que as atividades humanas serão diretamente impactadas, quer positiva ou negativamente.
Reconhece-se hoje que os continentes mais vulneráveis são exatamente os mais carentes. A África, pela falta de recursos para se adaptar, e a Ásia, pelos grandes volumes populacionais, serão certamente os mais afetados. Mas estão previstos impactos significativos também na América Latina:
• Até meados deste século está prevista uma substituição gradual das florestas tropicais pelos cerrados no leste da Amazônia;
• A vegetação semi-árida vai ser substituída por vegetação árida, com impactos diretos no Nordeste brasileiro;
• Risco de significativa perda de biodiversidade através da extinção de espécimes em muitas áreas tropicais
• Nas áreas secas, salinização e desertificação das terras agriculturáveis;
• Redução da produtividade agrícola e pecuária com conseqüências na segurança alimentar;
• Aumento da produção de soja nas zonas temperadas e redução nos cerrados, com impactos diretos na economia baiana;
• Aumento do nível do mar com risco de inundações de áreas mais baixas (Recife, por exemplo, pode ser uma das cidades mais afetadas);
• Mudanças no sistema de precipitações e desaparecimento de geleiras afetarão significativamente disponibilidade de água para consumo, agricultura e geração de energia.
• Até meados deste século está prevista uma substituição gradual das florestas tropicais pelos cerrados no leste da Amazônia;
• A vegetação semi-árida vai ser substituída por vegetação árida, com impactos diretos no Nordeste brasileiro;
• Risco de significativa perda de biodiversidade através da extinção de espécimes em muitas áreas tropicais
• Nas áreas secas, salinização e desertificação das terras agriculturáveis;
• Redução da produtividade agrícola e pecuária com conseqüências na segurança alimentar;
• Aumento da produção de soja nas zonas temperadas e redução nos cerrados, com impactos diretos na economia baiana;
• Aumento do nível do mar com risco de inundações de áreas mais baixas (Recife, por exemplo, pode ser uma das cidades mais afetadas);
• Mudanças no sistema de precipitações e desaparecimento de geleiras afetarão significativamente disponibilidade de água para consumo, agricultura e geração de energia.
Face a seu perfil muito dependente dos recursos naturais, sobretudo água e clima, a economia brasileira pode ser muito afetada com o aquecimento global. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE vem desenvolvendo modelos climáticos regionais que desenham um Brasil menos tropical e úmido e, portanto, mais quente e seco, inclusive com o aparecimento de áreas quase desérticas no Nordeste. As principais implicações deste cenário são:
• A produção de energia elétrica seria prejudicada a partir da evaporação mais rápida das águas dos rios e das represas: hoje mais de 85% da energia elétrica brasileira é de origem hidrelétrica e, mesmo em 2030, a previsão é de que 70% da energia elétrica nacional ainda seja de origem hidráulica.
• Malária e Dengue podem se propagar mais rápido num clima mais quente e úmido e doenças respiratórias num clima mais quente e seco podem se tornar mais comuns.
• Modelos regionais indicam que a temperatura no Brasil deve subir de 2° a 3° Celsius, em média, em quase toda a faixa litorânea e, também, em boa parte do interior, enquanto no Norte do Amazonas a temperatura pode subir até 6° C. Este cenário dar-se-ia no caso do Protocolo de Quioto cumprir as suas metas de redução nas emissões.
• Caso o protocolo não cumpra as metas, uma larga faixa de capitais no Brasil experimentará uma elevação de temperatura da ordem de 4° C. A maior parte do Brasil estaria sujeita a um aumento de 6° C e aquela faixa do Norte do Amazonas aumentaria sua temperatura em 8° C.
• A quantidade e distribuição de chuvas também sofrerão mudanças e as chuvas no Nordeste, Norte e Centro-Oeste devem diminuir prejudicando a sobrevivência da floresta amazônica e do pantanal. No Sul e Sudeste as chuvas aumentariam muito.
• Há a possibilidade de eventos climáticos extremos: chuvas mais fortes e curtas; longas secas transformando o semi-árido nordestino em região árida, com redução das precipitações em 40% nesta região. As chuvas podem se tornar mais raras no inverno e atrasos nas chuvas de verão podem prejudicar a oferta de alimentos, uma vez que determinam a hora de plantar trigo, feijão, milho, soja e arroz.
• A estiagem, que causou o encalhamento de muitos barcos e deixou 300 mil pessoas isoladas nos estados do Amazonas e do Pará, em 2006 foi causada pelo atraso de dois meses da chegada das chuvas. Essa grave seca na região amazônica foi causada pela sobreposição de águas e ventos mais quentes no norte do Oceano Atlântico e ao sul do equador – raro fenômeno que também explica a série de furacões no sul dos Estados Unidos.
• A temperatura deve se alterar de modo lento e gradual até 2030, a partir daí mudanças mais bruscas devem ocorrer.
• Pesquisas da Embrapa, com base nas projeções dos modelos climáticos globais, sugerem que o Brasil pode perder 25% das áreas de plantio de café. As culturas do trigo e girassóis seriam inviáveis no sul do país e queda de produção significa aumento de preços. As plantações de arroz sofreriam perda de 30% em São Paulo e na Bahia, as de feijão podem cair 41% no Nordeste, as de milho 71% apenas com 1° C a mais.
• Temperaturas mais altas significam também impactos na produção de frangos, suínos e também na produção leiteira. Uma onda de calor em 2004 com 4° C acima do habitual representou 50 milhões em prejuízo para o estado de São Paulo.
• Para a Região Nordeste, o cenário otimista é de até 3°C mais quente e 15% mais seco; redução no nível de água dos açudes e na produção agrícola. No cenário mais pessimista, o Nordeste tornar-se-ia até 4° C mais quente e 20% mais seco.
• A produção de energia elétrica seria prejudicada a partir da evaporação mais rápida das águas dos rios e das represas: hoje mais de 85% da energia elétrica brasileira é de origem hidrelétrica e, mesmo em 2030, a previsão é de que 70% da energia elétrica nacional ainda seja de origem hidráulica.
• Malária e Dengue podem se propagar mais rápido num clima mais quente e úmido e doenças respiratórias num clima mais quente e seco podem se tornar mais comuns.
• Modelos regionais indicam que a temperatura no Brasil deve subir de 2° a 3° Celsius, em média, em quase toda a faixa litorânea e, também, em boa parte do interior, enquanto no Norte do Amazonas a temperatura pode subir até 6° C. Este cenário dar-se-ia no caso do Protocolo de Quioto cumprir as suas metas de redução nas emissões.
• Caso o protocolo não cumpra as metas, uma larga faixa de capitais no Brasil experimentará uma elevação de temperatura da ordem de 4° C. A maior parte do Brasil estaria sujeita a um aumento de 6° C e aquela faixa do Norte do Amazonas aumentaria sua temperatura em 8° C.
• A quantidade e distribuição de chuvas também sofrerão mudanças e as chuvas no Nordeste, Norte e Centro-Oeste devem diminuir prejudicando a sobrevivência da floresta amazônica e do pantanal. No Sul e Sudeste as chuvas aumentariam muito.
• Há a possibilidade de eventos climáticos extremos: chuvas mais fortes e curtas; longas secas transformando o semi-árido nordestino em região árida, com redução das precipitações em 40% nesta região. As chuvas podem se tornar mais raras no inverno e atrasos nas chuvas de verão podem prejudicar a oferta de alimentos, uma vez que determinam a hora de plantar trigo, feijão, milho, soja e arroz.
• A estiagem, que causou o encalhamento de muitos barcos e deixou 300 mil pessoas isoladas nos estados do Amazonas e do Pará, em 2006 foi causada pelo atraso de dois meses da chegada das chuvas. Essa grave seca na região amazônica foi causada pela sobreposição de águas e ventos mais quentes no norte do Oceano Atlântico e ao sul do equador – raro fenômeno que também explica a série de furacões no sul dos Estados Unidos.
• A temperatura deve se alterar de modo lento e gradual até 2030, a partir daí mudanças mais bruscas devem ocorrer.
• Pesquisas da Embrapa, com base nas projeções dos modelos climáticos globais, sugerem que o Brasil pode perder 25% das áreas de plantio de café. As culturas do trigo e girassóis seriam inviáveis no sul do país e queda de produção significa aumento de preços. As plantações de arroz sofreriam perda de 30% em São Paulo e na Bahia, as de feijão podem cair 41% no Nordeste, as de milho 71% apenas com 1° C a mais.
• Temperaturas mais altas significam também impactos na produção de frangos, suínos e também na produção leiteira. Uma onda de calor em 2004 com 4° C acima do habitual representou 50 milhões em prejuízo para o estado de São Paulo.
• Para a Região Nordeste, o cenário otimista é de até 3°C mais quente e 15% mais seco; redução no nível de água dos açudes e na produção agrícola. No cenário mais pessimista, o Nordeste tornar-se-ia até 4° C mais quente e 20% mais seco.
O País vem tentando identificar suas áreas mais vulneráveis e criou o Índice de Vulnerabilidade Geral (IVG) composto por ponderações de 11 indicadores que medem a incidência de doenças, condições de vida e oscilações do clima, entre outros. O estudo da Fiocruz afirma que o Nordeste tem baixa capacidade de suportar os efeitos do aquecimento.
A identificação destas áreas mais vulneráveis deve nortear políticas de adaptação para as regiões a serem afetadas, e ter um peso em decisões de investimentos em médio e longo prazo. Dentre exemplos de ações de adaptação que devem ser levados em conta por governos municipais e estaduais estão: a possibilidade de redução do fornecimento de água às cidades; de se ter que conviver com temperaturas mais altas e com a elevação do nível do mar; a perspectiva de desabastecimento de alimentos o que deverá requerer ações preventivas e de urgência na busca de variedades agrícolas mais adaptadas a climas mais quentes, etc.
Conclusões
Há evidências científicas suficientes para se prever grandes impactos com as mudanças climáticas tais como: enchentes, tempestades, furacões, secas, derretimento de geleiras; elevação do nível do mar, cobrindo várias ilhas e até pequenos países insulares, invasão das áreas dos rios pela água salgada, provocando escassez de água potável. Haverá alterações nos desertos, áreas pantanosas, florestas, montanhas e ambientes marinhos. Algumas espécies desaparecerão e outros terão que migrar. Áreas de cultivo e a produção de alimentos sofrerão alterações, podendo ser impactadas negativamente em algumas regiões, sobretudo entre os trópicos, e positivamente, pelo menos num primeiro momento, nas áreas temperadas. Doenças infecciosas se disseminarão mais facilmente por causa do calor. A fauna, a flora e a humanidade serão, de alguma forma, afetadas.
A identificação de vulnerabilidades climáticas regionalmente, a discussão e elaboração de medidas preventivas para a adaptação e tentativas de diminuição dos impactos com vistas à elaboração de uma Política Estadual de Mudança climática são ações extremamente relevantes.
As cidades podem servir de modelo e atuarem como difusores e líderes no tema aquecimento solar junto às comunidades nacional e internacional, comprometendo-se a dar o exemplo na integração de energias renováveis nas políticas e medidas de suas administrações, a incorporar serviços de eficiência energética e energia renovável em suas estratégias de desenvolvimento municipal, a desestimular o uso do transporte individual, promovendo o transporte público e o uso de bicicletas, com a construção de grandes malhas de ciclovias; além de conservar áreas verdes, aflorestar novas áreas e reflorestar áreas degradadas, construir aterros sanitários, facilitar a coleta seletiva, ajudar na reciclagem do lixo urbano que, em última instância, pode se tornar numa fonte de geração de energia elétrica.
Tomar decisões sobre o nível apropriado de mitigação global ao longo do tempo envolve um risco interativo no processo de administração que inclui a mitigação e a adaptação, levando em conta os danos de mudança de clima atuais e evitados, co-benefícios, sustentabilidade, patrimônio líquido, e atitudes de risco. Escolhas sobre o balanço e o momento oportuno de mitigação de gases de efeito estufa envolvem a análise dos custos econômicos de reduções de emissão mais rápidas, contra o correspondente risco climático de atraso a médio e longo prazo. Mais um desafio está colocado para as cidades.
Referências
IPCC. 4th Assessment Report Climate Change: The Physical Science Basis, 2007.
IPCC. 4th Assessment Report Climate Change: Climate Change Impacts, Adaptation and Vulnerability, 2007.
IPCC. 4th Assessment Report Climate Change: Mitigation of Climate Change, 2007.
FIORAVANTI, C. Caminhos da Mudança. Revista Pesquisa Fapesp Nº 130, págs. 26-29, 2006.
FIORAVANTI, C. Um Brasil mais quente. Revista Pesquisa Fapesp Nº 130, págs. 30-34, 2006.
MARENGO J. et alli. Caracterização do clima atual e definição das alterações climáticas para o território brasileiro ao longo do século XXI – Atlas de Cenários Climáticos Futuros para o Brasil. Fevereiro de 2007. Disponível na internet:http://www6.cptec.inpe.br/mudancas_climaticas/prod_probio/Atlas.pdf.
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