Por Marco de Moura e Souza - Valor Econômico
O PMDB pretende fundir-se com algumas legendas depois das eleições municipais de outubro. Segundo o presidente nacional do partido, senador Valdir Raupp (RO), lideranças peemedebistas têm conversado com dirigentes de partidos da base aliada ao governo federal e da oposição sobre uma possível fusão.
"Já existem conversas bastante adiantadas com alguns partidos para logo depois das eleições sentarmos e discutirmos uma fusão com o PMDB", disse Raupp, ao participar ontem de um encontro em Belo Horizonte com candidatos do PMDB às eleições deste ano. O pemedebista afirmou que não podia citar quais são as legendas com as quais está negociando a fusão, mas afirmou que depois das eleições as negociações devem se intensificar com "três ou quatro" partidos.
"Não dá mais para aguentar essa quantidade de partidos. A cada eleição é aliança para cá, é aliança para lá... É uma dificuldade muito grande para se formar uma aliança. Tem aliança hoje com 19 partidos", disse Raupp.
Se as negociações vingarem, o PMDB se fortalecerá mais na condição de parceiro da presidente Dilma Rousseff em sua provável tentativa de se reeleger em 2014. O partido, que tem a vice-Presidência com Michel Temer, viveu períodos de desgaste com Dilma e viu o nome do governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, no centro de especulações como possível candidato a vice numa chapa com a presidente em 2014. Mas nas negociações para as eleições deste ano, PT e PSB romperam em Recife, Fortaleza e em Belo Horizonte.
Diante desse cenário, o PMDB mostrou-se fiel a Dilma e agiu rapidamente na capital mineira, onde a disputa se conecta diretamente com as eleições de 2014. Na cidade, o partido atendeu ao pedido da presidente por apoio à candidatura de Patrus Ananias (PT), em articulação comandada por Temer.
Patrus e seu vice, o peemedebista Aloísio Vasconcellos, serão os principais adversários do prefeito Marcio Lacerda (PSB), que busca a reeleição. Lacerda tem como principal aliado o senador Aécio Neves, (PSDB-MG), nome mais forte da oposição hoje a disputar a Presidência com Dilma em 2014.
Para Raupp, a cisão do PT e PSB nessas capitais contribuiu para unir mais o PT ao PMDB. "Esse fato, não vamos negar, aproximou um pouco mais. Se já havia uma probabilidade grande [de Temer continuar com Dilma em 2014], essa probabilidade pode ter aumentando por causa disso."
A aliados, a presidente tem dito que vê a disputa de Belo Horizonte como a mais importante das eleições deste ano. O esforço petista é que Patrus derrote Lacerda, o que criaria uma dificuldade para Aécio. Como o PSDB não dispõe de um nome natural para lançar na campanha a governador de Minas em 2014, Lacerda vem sendo sondado como a alternativa ideal. Mas se for derrotado em outubro, perderia cacife para se apresentar como candidato ao governo do Estado, o que levaria Aécio a considerar a hipótese de ele mesmo ser o candidato, dizem petistas próximos a Dilma.
Em paralelo às conversas com outras legendas, o PMDB pode receber o reforço da senadora Kátia Abreu (PSD-TO). Antes da criação do PSD, lideranças pemedebistas negociaram com a senadora, então filiada ao DEM, sua migração para o partido. "Já havia uma aspiração da senadora Kátia Abreu em vir para o PMDB e isso deve continuar. Já que teve um pequeno incidente de percurso, ela voltou a cogitar essa possibilidade", comentou o dirigente pemedebista.
Raupp se referia às críticas da senadora ao presidente do PSD, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, por discordar da intervenção do prefeito em Belo Horizonte. Kassab determinou o apoio do PSD à candidatura do PT na cidade, apesar de o comando do PSD em Belo Horizonte preferir a reeleição de Lacerda.
"Se ela [Kátia] vier não virá sozinha", disse o senador. Segundo Raupp a senadora traria consigo deputados federais hoje no PSD.
Ontem, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), defendeu a fusão de partidos ao PMDB após as eleições. Cabral desconversou, no entanto, sobre o eventual fortalecimento de sua legenda com as fusões, o que poderia facilitar o lançamento de uma candidatura do PMDB à Presidência, em 2014. O governador declarou-se "cabo eleitoral da reeleição da presidenta".
"O PMDB é essencialmente um partido de centro. Partidos que orbitem em torno do centro que desejem fundir com o PMDB são muito bem-vindos. Acho que a democracia ganha com isso", disse Cabral, após reunir-se com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, no Palácio do Planalto.
O governador avaliou que "a base de alianças no Brasil" está "centrada" em PT e PMDB e considerou que, do ponto de vista da governabilidade, o país será beneficiado com um "
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